Aloysio Biondi morre de infarto aos 64 anos
A morte de Aloysio Biondi repercutiu nos meios jornalísticos, políticos e econômicos, leia depoimentos.
O jornalista Aloysio Biondi morreu ontem, às 9h30, no Hospital Beneficência Portuguesa, na Capital. Aos 64 anos, Biondi sofreu um infarto agudo do miocárdio após passar por uma cirurgia. Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital, o jornalista sofreu de aneurisma abdominal. Ele foi internado às 20h30 de quinta-feira com fortes dores no abdome. O enterro acontece hoje, às 12 horas, no Cemitério da Paz, no Morumbi, Zona Sul. A saída será às 10 horas do velório da Beneficência Portuguesa.
Biondi, que deixa três filhos, Pedro, Antonio e Beatriz, exerceu a profissão por 44 anos e marcou o jornalismo econômico, principalmente nos anos 70, quando dirigiu o Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro. Sua gestão representou uma mudança no conceito da cobertura econômica, pois incutiu em vários repórteres a necessidade do jornalismo crítico e investigativo, em substituição ao que se praticava então, com os vícios impostos pela ditadura militar. Ainda no Jornal do Commercio, realizou vários debates semanais sobre a conjuntura econômica do País.
Biondi escreveu na maioria dos grandes jornais e revistas do Brasil, além de colaborar com dezenas de publicações de entidades de classe de trabalhadores e, ainda, era professor notório saber da Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero. Ele também publicou, há cerca de um ano, o livro O Brasil Privatizado.
Nos últimos tempos mantinha uma página na revista Bundas, onde deixou um artigo faltando apenas quatro linhas para ser concluído e mantinha uma coluna diária no Diário Popular (leia o último artigo de Biondi).
O jornalista Francisco Carvalho, ex-companheiro de Biondi no Diário do Comércio, frisou que seus últimos anos se concentraram na análise da abertura econômica e “se constituiu num dos maiores críticos do neoliberalismo”. Ricardo Kaufman, jornalista e amigo pessoal, classificou Biondi como “profissional que dava orgulho de ser e para ser jornalista”:
O presidente da Associação dos Jornalistas Políticos de São Paulo, José Afonso Primo, lembrou que trabalhou com Biondi lado a lado nos últimos 20 anos e destacou a sua personalidade como responsável por uma equipe de profissionais no Shopping News/DCI. Biondi afixava no quadro da redação as despesas e receitas e dividia o valor disponível para os salários de forma transparente.
A morte de Aloysio Biondi repercutiu nos meios jornalísticos, políticos e econômicos:
“Esta é uma semana triste, com a perda de dois grandes jornalistas, Barbosa Lima Sobrinho e Aloysio Biondi. Com suas análises corajosas, ele (Biondi) trabalhou em defesa do Brasil enquanto nação. O seu último livro, O Brasil Privatizado, foi um marco.”
Kjeld Jakobsen, presidente da CUT
“O Brasil perde um pensador e um economista importante. Ele nos fazia refletir sobre as questões brasileiras. Mesmo que a gente não concorde com todas as críticas, ele nos ajudou a pensar sobre o País. Para mim, que acompanho seus artigos há pelo menos 10 anos, ele foi uma referência.”
João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força Sindical
“O jornalismo perde uma pessoa que vinha, neste último período, cumprindo um papel importante, de contra- ponto a esse dizer amém a tudo o que o governo faz. A maioria faz uma redoma para proteger o presidente da República. Eu vejo como um grande prejuízo para o País. Ele falava o que estava realmente acontecendo com o povo. Dou os pêsames em meu nome e de toda a categoria.”
Luiz marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
“A morte repentina de Aloysio Biondi representa uma perda irreparável para o País. O jornalista soube como poucos analisar, em seus artigos, os diferentes aspectos da economia nacional. O seu senso crítico será sempre um exemplo para toda a imprensa brasileira. O jornalismo brasileiro perde uma de suas principais referências.” Deputado estadual Vanderlei Macris (PSDB), presidente da Assembléia Legislativa
“Jornalista talentoso e patriota, Biondi figurou na linha de frente no combate à política de FHC, responsável pela quebradeira econômica e desagregação social em nosso País. A melhor forma de homenageá-lo, acreditamos, é preservar na luta por um Brasil democrático, soberano e com justiça social.”
Deputado estadual Nivaldo Santana (PC do B)
“Ele era uma pessoa querida e respeitada por todos nós, principalmente porque foi uma referência para várias gerações de jornalistas. O Aloysio vinha fazendo, através dos seus artigos na imprensa; uma análise muita rica e contundente da realidade econômica brasileira”.
Beth Costa, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas
“O que marcava o Aloysio e o tornava um mestre do jornalismo era a obsessão dele com a precisão dos dados, com a checagem da informação. Isto e mais suas firmes convicções sobre a independência política do Brasil faziam dele um jornalista ímpar”.
Fred Ghedini, presidente do Sindicato dos Jornalistas no Estado de são Paulo