PT lança curso para capacitação técnica, política e jurídica que deverá formar, na primeira turma, 1200 dos seus 2462 vereadores.

Por Roberta Lippi
de São Paulo

O ensino virtual, que tem se configurado como um meio prático e eficaz de formação acadêmica e principalmente de treinamento corporativo, está chegando também à política. O Partido dos Trabalhadores (PT) está anunciando esta semana um curso de formação política a distância para vereadores petistas.

José Cardoso, presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo,
é um dos inscritos no curso a distância do PT (
Foto: Luiz Paulo Lima/Valor )
O objetivo é dar uma assistência política mais completa aos vereadores em exercício, com capacitação técnica, política e jurídica. Na primeira turma serão treinados 1200 dos 2462 vereadores eleitos no ano passado.

O curso piloto foi criado em conjunto pela Fundação Perseu Abramo, Secretaria Nacional de Formação Política e Secretaria Nacional de Assuntos Institucionais do PT. O material foi elaborado por especialistas em ensino a distância da Universidade de Brasília (UnB).

“À medida que o partido ocupa mais espaço nos governos, nos damos conta da necessidade enorme que nossos filiados têm de conhecer a dinâmica interna do aparelho do Estado”, explica o diretor da Fundação Perseu Abramo, Hamilton Pereira.

Apesar de afirmar que os militantes do PT são naturalmente mais engajados com a política e causas sociais, Pereira admite que nem todos têm o preparo necessário para exercer suas funções parlamentares.

José Eduardo Martins Cardoso, presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, vereador mais votado nas últimas eleições, é um dos inscritos. Doutor em Direito e professor da PUC-SP, Cardoso quer dar o exemplo. “Acho indispensável que todos os parlamentares façam o curso, que além de formação também é uma ótima forma de integração.”

O curso terá a duração de três meses. Envolverá debates políticos, fundamentação ideológica do partido e os instrumentos práticos para o trabalho do vereador na câmara e qualificação da ação das bancadas.

A UnB foi responsável por treinar uma equipe de 25 tutores, cada um responsável por um estado. Esses profissionais, que orientarão os vereadores, vêm da área de educação, com conhecimento de ensino a distância e familiaridade com as práticas do PT. Esse novo modelo de curso a distância que o partido está implantando para capacitar os vereadores foi a forma encontrada para não tirá-los do exercício de suas funções. Mas também não será uma tarefa fácil. Um volume pequeno de vereadores – menos de 30%, acredita Pereira – tem acesso à ferramenta mais prática do ensino a distância: a internet. Para estes, o programa será enviado por correio, e as orientações dos tutores serão feitas por fax e telefone. “Esse primeiro teste será importante para identificarmos onde realmente há problemas. Mas é importante destacar que esse processo é mais moderno e menos dispendioso”, diz o diretor do instituto partidário do PT. As aulas começam no dia 17 de setembro.

A formação a distância na política não é exclusividade do Partido dos Trabalhadores. O Partido da Frente Liberal (PFL) criou em julho do ano passado a Escola Nacional de Política, que oferece cursos para seus afiliados na forma de teleconferências.

Na última segunda-feira foi ministrada a primeira aula do curso de gestores municipais para os afiliados do partido, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Voltado a vereadores, prefeitos, secretários e administradores públicos, o curso de especialização é formado por 10 aulas/videoconferências, divididas em quatro módulos: papel do município no contexto atual nacional e internacional; gestão estratégica do município; políticas públicas municipais; e estruturas e mecanismos da gestão municipal. Com 192 pontos espalhados pelo país, esse é o terceiro programa da Escola de Política do PFL. O primeiro foi para candidatos, no ano passado, e o segundo foi sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal.


* Publicado no jornal Valor Econômico, de 9/08/2001

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