“O governo democrático-popular liderado pelo PT tomou providências imediatas. Impediu a continuidade da privatização de empresas estratégicas.”


Por Luiz Inácio Lula da Silva*

O governo federal empurrou o Brasil para uma grave crise no abastecimento de energia elétrica, que compromete o desenvolvimento econômico, o bem-estar social, a segurança e o conforto dos brasileiros. Prometeu modernidade e levou o país às trevas. Agora, não dá mais para esconder o resultado prático desse modelo de política econômica neoliberal adotado pelo governo FHC. E as críticas e alternativas apresentadas pelas oposições ao longo destes mais de seis anos passam a ser ouvidas com alguma atenção.

Estamos solidários com o povo no sacrifício do racionamento de energia para evitar um mal maior. Mas temos de deixar claro que isso não é política nem alternativa para enfrentar a situação. Nos três Estados em que o Partido dos Trabalhadores governa, nós cumprimos com o nosso dever, planejamos, executamos, investimos e não haverá risco de apagão.

Vou tratar aqui em especial do caso do Rio Grande do Sul. Em janeiro de 1999, o governador Olívio Dutra tomou posse e enfrentou de cara 31 dias de apagões herdados da política inconseqüente do seu antecessor. As últimas obras significativas no Estado haviam sido feitas na década de 80: Usina Presidente Médici – fase B, em 1986, e a linha de transmissão Campos Novos – Gravataí, em 1987.

O governo democrático-popular liderado pelo PT tomou providências imediatas. Impediu a continuidade da privatização de empresas estratégicas. E utilizou as empresas públicas do setor que restaram para repensar e planejar a superação da crise. Adotou então medidas emergenciais e de garantia do abastecimento a curto e médio prazos. E para isso fez parcerias com a iniciativa privada. Mas não entregou às forças do mercado o destino da sociedade gaúcha. Os investimentos públicos no setor ultrapassaram R$ 200 milhões. Isso significa governar com propostas concretas e responsabilidade.

A estratégia da Secretaria de Energia, Minas e Comunicações do Rio Grande do Sul e da Companhia de Energia Elétrica do Estado partiu de um Programa Emergencial que contou com a participação e cooperação de empresas públicas, privadas e demais agentes do setor elétrico nacional. Isso permitiu a implementação, em tempo recorde, de doze obras, com investimentos de R$ 174,2 milhões. Resultado: foram acrescidos 400 MW ao sistema elétrico do Rio Grande do Sul. Uma das obras de destaque foi a conclusão do anel elétrico do Estado (230 kV) pela CEEE. As conseqüências desse grande esforço foram percebidas no verão passado, quando não houve corte de carga por deficiência de abastecimento.

Para o próximo verão 2000/2001, outro conjunto de obras emergenciais já garantiu o abastecimento do Estado, destacando-se a instalação pela CEEE, também em prazo recorde, de um banco de capacitores na Subestação Gravataí 2.

Ao final do segundo verão do governo gaúcho, o balanço foi a garantia plena do abastecimento de energia elétrica ao Estado, com acréscimo de 20,6% na capacidade de atendimento ao Rio Grande do Sul (mais 700 MW).

Posso dizer que situações semelhantes ocorreram nos governos do Mato Grosso do Sul, com Zeca do PT, e do Acre, com Jorge Viana. E é o que precisa ocorrer no governo federal. Mesmo com a situação energética sob controle, os nossos governadores estão preocupados e absolutamente solidários com o povo brasileiro na apresentação de alternativas à crise nacional.

Pelo Instituto Cidadania, convidei nesta semana especialistas do setor, deputados do PT e a secretária de Energia do Estado do Rio Grande do Sul para sistematizarmos nossas propostas de caráter emergencial e de médio e longo prazos para enfrentar a crise. Decidimos realizar um seminário nacional até o início de julho próximo, quando apresentaremos um plano alternativo à sociedade brasileira.

O nosso país é rico e tem saída. É preciso mudar o rumo da política econômica, resgatar a soberania nacional e governar para resolver os problemas da grande maioria do povo brasileiro. É preciso pensar o Brasil não apenas para os próximos quatro ou cinco anos, mas para as próximas décadas. É assim que se constrói uma nação.


*Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de honra do Partido dos Trabalhadores e conselheiro do Instituto Cidadania.
Extraído do site pt.org.br de 08/06/2001