Entrevista com Fernando Pimentel
Segurança é prioridade para BH.
Segurança é prioridade para BH
O prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, afirma que sua reeleição significará a continuidade do projeto democrático popular na capital mineira. “Não vamos abrir mão dos nossos eixos que são a ética na política, a participação popular e a opção clara pelos mais pobres, pelos mais carentes. São os eixos de nossa intervenção na cidade iniciada em 1993 com Patrus Ananias, continuando com o Doutor Célio e comigo agora. Isso não vai mudar”, afirmou o prefeito.
Entre suas prioridades, Pimentel destaca a questão da segurança urbana, área em que já foram realizados avanços, com a criação dos conselhos regionais de segurança em toda a cidade e com a criação da Guarda Municipal. “Se o problema [da violência] existe, vamos ajudar a enfrentá-lo, a resolvê-lo, ainda que não seja nossa atribuição constitucional. A segurança pública é o nosso primeiro objetivo”, ressaltou.
Também estão entre os principais eixos de seu programa de governo as obras estruturais – que significam uma espécie de extensão do Orçamento Participativo, segundo o prefeito – e a ampliação dos programas sociais da prefeitura. “Nós somos a capital brasileira que tem a maior cobertura do Bolsa-Família no Brasil. Temos a Bolsa-Escola, que é um modelo nacional. São 11 mil famílias beneficiadas com R$ 168 por mês, que é o mais alto valor entre as capitais brasileiras”, destaca o prefeito. Leia a íntegra da entrevista:
Que motivos levam-no a recandidatar-se?
Eu sou de Belo Horizonte. Nasci aqui, tenho minha família aqui, meus filhos. Então, o meu compromisso com a cidade é muito grande, um compromisso profundo, um compromisso de vida. Tenho um compromisso com a cidade que é a minha casa, a minha vida, minha história. Tem também a minha trajetória política. Comecei a militar muito jovem. Sou da geração política de 68, da resistência à ditadura. Comecei a militar politicamente com 17, 18 anos. Fui preso político. Saí, fiz carreira profissional como economista, como professor. Fui fundador do Partido dos Trabalhadores. Toda a minha militância política até hoje foi no PT. Sempre ligado às causas populares, à transformação social. É um pouco conseqüência de uma história de vida. Nossa geração de 68 está no seu momento mais importante, porque elegemos Lula Presidente da República e estamos engajados no processo de transformação do Brasil. Com todas as dificuldades que possa haver, neste momento, esse é o nosso projeto de vida. Então, a contribuição que posso dar, e tenho dado, como militante político, é na prefeitura. Outro motivo é que cheguei na prefeitura com Patrus Ananias há quase 12 anos, quando fui Secretário da Fazenda. Continuei com o Doutor Célio, fui vice de doutor Célio e o substitui na sua doença — no seu impedimento, cumpri o mandato. O meu nome para continuar o nosso projeto foi uma escolha um pouco natural do PT e da coligação. Não é uma escolha pessoal, um desejo apenas pessoal. É claro que é um desejo pessoal trabalhar pela cidade, mas é uma escolha de um conjunto de companheiros.
Se o senhor for eleito, quais serão as mudanças da atual administração para a próxima?
Nossa candidatura é uma candidatura de continuidade. A característica dela é a continuidade do projeto democrático popular em Belo Horizonte, consolidando o que já foi feito. Não vamos abrir mão dos nossos eixos que são a ética na política, a participação popular, opção clara pelos mais pobres, pelos mais carentes. São os eixos de nossa intervenção na cidade iniciada em 1993 com Patrus Ananias, continuando com o Doutor Célio e comigo agora. Isso não vai mudar. Vamos ampliar as nossas ações, os nossos programas, as obras que estamos fazendo. A continuidade com avanço e com ampliação das conquistas que já foram obtidas nesses 12 anos. E aí eu destaco a colaboração e parceria do governo federal, agora com o companheiro Lula presidente, que mudou qualitativamente a relação com a cidade. Antes dele, o governo federal tratou Belo Horizonte nesses últimos dez, doze anos de maneira muito secundária. Não só Belo Horizonte, mas Minas Gerais. Isso mudou radicalmente com a posse do presidente Lula. A cidade está vivendo um momento inédito na sua história política, com tratamento qualificado pelo presidente da República ao prefeito e ao governador do Estado também. A cidade está muito feliz com isso. Recolho isso no meu contato com a população. Pela primeira vez em muitos anos o tratamento está à altura do que os belo-horizontinos merecem.
Se o sr. for eleito, quais serão as prioridades do próximo mandato do PT em BH?
A população está colocando três prioridades com muita força. Prioridades que o nosso projeto já está viabilizando e que terão grande ênfase na próxima administração. A primeira questão é a segurança, que não é atribuição constitucional dos municípios, mas em Belo Horizonte nós estamos enfrentando a questão. Se o problema existe, vamos ajudar a enfrentá-lo, a resolvê-lo, ainda que não seja nossa atribuição constitucional. A segurança pública é o nosso primeiro objetivo. Estamos avançando muito nessa direção: criamos os conselhos regionais de segurança na cidade inteira, uma boa experiência. Estamos fazendo um projeto em parceria com a iniciativa privada, já implantando câmaras de vídeo do Projeto Olho Vivo, para com elas monitorarmos e darmos mais segurança ao cidadão. E criamos a Guarda Municipal, treinando o primeiro contingente de 300 homens de maneira rigorosa. Estamos agregando mais 200, e no próximo governo vamos chegar ao efetivo completo da guarda, que são 3.000 homens. Será um auxílio muito importante para a Polícia Militar de Minas Gerais, porque libera policiamento. Estamos trabalhando com a concepção de gestão integrada da segurança com o governo do Estado. Outra prioridade são as obras estruturais, que significam uma espécie de extensão do Orçamento Participativo, que é sucesso, está consolidado e será mantido. Destacamos também os grandes programas estruturais que negociamos com o governo federal e com o BID, que agora começam a ser implantados: o Programa de Drenagem Urbana, o Drenurbs, de enorme urbanização e de resolução de problemas de drenagem, de saneamento na periferia de Belo Horizonte. São 77 milhões de dólares de financiamento já obtidos e contratados, as obras vão começar no segundo semestre deste ano e as outras no próximo mandato. Nós já estamos fazendo o Programa Vila Viva, que conta com financiamento do BNDES para intervenções nos maiores aglomerados de vilas e favelas da cidade —agora com apoio do governo federal e dos organismos internacionais, que têm aprovado os nossos financiamentos. O terceiro eixo prioritário é a manutenção com a ampliação dos programas sociais da prefeitura. Nós somos a capital brasileira que tem a maior cobertura do Bolsa-Família no Brasil. Temos a bolsa-escola que é um modelo nacional. São 11 mil famílias beneficiadas com R$ 168,00 por mês de valor, que é o mais alto entre as capitais brasileiras. Em Belo Horizonte, temos acompanhamento pedagógico.Temos o Programa de Saúde da Família que já atinge quase 70 por cento da população na cidade.
As finanças da Prefeitura permitem essas mudanças?
As nossas finanças estão equilibradas. Caso contrário não conseguiríamos esse financiamento do BID de US$ 77 milhões — maior financiamento em toda a história de Belo Horizonte, em 107 anos de história. Isso significa que as nossas finanças estão equilibradas. Não é uma situação confortável, de sobra dinheiro no caixa, no fim do ano, não. Mas passamos em todos os rigorosos critérios do Senado Federal, do Banco Central, do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, do companheiro Palocci, do companheiro Marcos Lisboa e a ponto do Banco Mundial e do BID estarem aprovando os nossos pedidos de empréstimo.
Como o sr. avalia as chances do PT nestas eleiões?
Em Belo Horizonte, trabalhamos com otimismo, certos de que as chances do partido são as melhores possíveis. Vamos vencer as eleições, e dar continuidade ao projeto democrático-popular implantado na prefeitura, com apoio do governo Lula. Da mesma forma, o PT deverá alcançar vitória em diversas outras capitais e na grande maioria dos municípios do país.
Publicado no Portal do PT em 16/08/2004