O pensamento de Mário Pedrosa
Capítulo; A Missão do PT
(…) “O Partido dos Trabalhadores é o povo organizado.” (…) “O Partido dos Trabalhadores não é um partido como os outros, pois é, no fundo, um produto intrínseco da história do Brasil contemporâneo. Não é por outra razão que sua missão é mais do que política, é civilizadora. Não é por outra razão também que ele não vai nascer como os outros de natureza parlamentar, já de botinas. É um partido que tem de alcançar os eleitores de pé no chão e obter deles o consentimento que necessita para fazê-lo vingar.”
(…) “A marcha do Partido dos Trabalhadores é longa como a própria História e com esta se integrará.”
Capítulo: O PT e o Estado:
(…) “O Partido dos Trabalhadores não é uma invenção de ninguém, nem mesmo de Lula e seus amigos, é, porém, um produto lento da história do Brasil. Ele começou a aparecer quando acabou a infâmia da escravidão, feneceram os carros de bois, irromperam as primeiras locomotivas e os trens de ferro, os barcos a vapor abriram a navegação costeira, chegaram os primeiros imigrantes do sul da Europa e os negros foram enfim promovidos a trabalhadores e os índios, quando não massacrados, viraram caboclos por todo o Brasil e o General Rondon salvou os restantes, ao determinar a seus soldados que morressem, sim, não os matassem, porém.”
(…) “A idéia do Partido dos Trabalhadores é a única idéia politicamente realmente nova nesta década começante (1980). A imagem do Estado, que governo e oposição nos apresentam, é visivelmente uma idéia cansada, uma idéia do já visto. O Estado que concebem, o Estado que propõem é um Estado cujo objetivo fundamental é manter o status quo econômico e social do país e que garante o uso e o gozo dos monopólios que capitais estrangeiros e nacionais já vinham desenvolvendo sem o menor impedimento durante as décadas passadas. Esse Estado não permite, como não permitiu e não permitirá para frente, qualquer concessão séria aos direitos democráticos do povo brasileiro. O proletariado atual, tal como se apresenta de norte a sul do país, não tem direitos próprios. Mal chegou a ter certas garantias de autonomia sindical que a CLT controla, corta e rebaixa. Esse Estado que está aí, sem o Partido dos Trabalhadores como partido, é um Estado incompleto e espúrio porque não permite que a classe trabalhadora se insira nele e possa aí representar um papel que lhe é fundamental.”
(…) “Ninguém pode traçar aprioristicamente e ainda menos doutrinariamente qualquer ação ou comportamento prévio para o nosso Partido dos Trabalhadores. O empirismo salutar será no fundo a sua força para a ação. O estado burguês não admite, porém, nenhuma mudança estrutural seja de que natureza for. Aqui surge, queira-se ou não se queira, entre a burguesia e a classe dos trabalhadores um impasse, ou melhor, um choque de posições como o de dois times em disputa de área.
A missão do proletariado contemporâneo como classe consciente de seus próprios interesses será oposta à da burguesia, pois, não levando o Estado a qualquer forma política do capitalismo, altera-lhe sem dúvida a forma classista, e como classe consciente, abre ao Estado uma perspectiva que tende a estabelecer formas conseqüentes e democráticas de socialismo.”
Capítulo: O Futuro do Povo:
(…) “Um novo momento histórico aparece com força de projetar em todas as camadas da população, até ontem sem presença nem esperança, uma nova luz. Essa nova luz se concretiza nessa grande generalização da classe dos militantes operários que, coroando todas as suas lutas, se reúnem para formar o novo partido dos trabalhadores do Brasil, bandeira que nenhum brasileiro não comprometido com a dominação das classes dirigentes pode desconhecer. O Partido dos Trabalhadores, é o grande projeto de transformação do Brasil.”
(…) Marx, ainda jovem, na polêmica contra Proudhon, “misère de la philosophie”, diz, sem equívocos, que de todos os meios de produção, o mais poderoso, o mais rico, o mais fecundo, o mais cheio de energia é uma nova classe social. E eis a verdade histórica do Brasil atual: não é o ouro, nem as pedras preciosas, nem as riquezas minerais, nem os nossos intelectuais, nem nossas indústrias.
O nosso principal meio de produção é a nova classe social, esta classe operária que assume agora missão verdadeiramente histórica: dar-nos, com o Partido dos Trabalhadores o penhor do futuro do povo brasileiro.”
Fala de Mario Pedrosa na reunião do Colégio Sion (Trechos)
“Na hora em que aqui nos reunimos, companheiros de todo o Brasil, para assinar o nome sob a flama do Partido dos Trabalhadores, temos consciência do que estamos fazendo. Diferentemente de todos os partidos por aí, com sua dança de letras e siglas, o PT é simplesmente o Partido dos Trabalhadores. É único de estruturas, é único de tendências, é único de finalidade.(…) Partido de massas não tem vanguarda, não tem teorias, não tem livro sagrado. Ele é o que é, guia-se por sua prática, acerta por seu instinto. Por isso, ao nos inscrevermos no PT, deixamos à sua porta os preconceitos, os pendores, as tendências extras que possivelmente nos moviam até lá, para só deixar atuando em nós uma integral solidariedade ao Partido dos Trabalhadores.”