A minha participação no Movimento pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita deu-se enquanto militante e como dirigente do Movimento pela Emancipação do Proletariado (MEP), organização marxista-leninista.

Atuei ao longo de todo processo de desenvolvimento do Movimento pela Anistia, desde seu início até seu término. Nossa organização (MEP) sempre compreendeu o Movimento pela Anistia como um espaço das forças políticas, democráticas e populares, que utilizavam para vários objetivos:

– aproximarem-se, construindo um fórum de debates e troca de políticas.

– elaboração e análise do momento político que passávamos

– organização de uma Frente Política, que viabilizasse a organização política dos diversos setores envolvidos na luta por uma sociedade Socialista e Democrática

– conquista da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.

A campanha pela Anistia representou, em minha vida militante, um aprendizado sem precedentes, pois, permitiu que, juntamente com companheiros com histórias diferentes da minha, nos uníssemos e construíssemos uma política que demonstrou para vários segmentos sociais a necessidade e a possibilidade de alcançar conquistas Democráticas e fundamentais para nosso povo.

A elaboração do Manifesto pela Lei da Anistia foi uma obra de construção coletiva, maravilhosa, incluindo companheiros como: Luis Eduardo Greenhalgh, Perseu Abramo, Vanya Sant’ana, Dodora e outros; todos participamos e de maneira democrática demos nossa contribuição, permitindo com isso a implantação e o desenvolvimento de um processo que se alastrou por todos os Estados do Brasil.

Momentos marcantes tivemos muitos, poderia escrever infinitamente, mas um episódio que gostaria de deixar escrito deu-se com o primeiro Congresso Estadual pela Anistia, que ocorreu no Instituto Sedes-Sapientae. Nesse Encontro, após vencermos muitas dificuldades para sua realização, por conta da repressão política, inclusive com a infiltração de torturadores no evento, ameaças etc, conseguimos que personalidades, como o então Deputado Federal Ulisses Guimarães, viessem participar, permitindo com isso que o Movimento ganhasse as ruas e se tornasse um movimento com características populares.

Outro momento importante aconteceu quando da realização do primeiro Ato Público na Sé, contando com a participação de milhares de pessoas. Esse Ato foi marcante, pois foi a primeira manifestação com características eminentemente políticas e puxada por nós, militantes da luta pela Anistia. Aqui cabe uma observação: muitos de nós, militantes da Anistia, vínhamos do movimento estudantil e pela primeira vez desenvolvíamos uma atividade pública de massas, nenhum de nós era deputado ou prefeito etc, mas tanto eu como o Zé Roberto Manesco, ou o Arnaldo Jardim, ou o Raduan tínhamos experiência de organizar atos políticos.

Não tenho dúvidas de afirmar que o Movimento pela Anistia foi o que mais contribuiu para a conquista das liberdades políticas em nosso país. Tanto do ponto de vista dos direitos sociais, despertando junto aos setores populares a consciência da possibilidade de vencer barreiras até então intransponíveis, como servindo de modelo de organização democrática para esses segmentos.

O Movimento de Anistia foi diretamente o instrumento que uniu setores da esquerda, dando-lhes organicidade e viabilizando um núcleo que criou, com sindicalistas e demais forças políticas, o Partido dos Trabalhadores (PT), instrumento de luta decisivo para o enfrentamento e a emancipação de nossos trabalhadores.

Enfim, entendo o Movimento Pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita e a conquista da Lei de Anistia como momentos políticos vitoriosos e decisivos para todo o povo brasileiro.

Sinto-me feliz e orgulhoso de ter contribuído, com todos os companheiros, para aquele momento privilegiado da luta política de nosso país.

 

*Rubens Boffino é professor, integrante do CBA/SP.

`