O meu trabalho, na campanha da Anistia, começou em São Paulo, quando participei da realização do Congresso Nacional de Anistia, em novembro de 1978.

Ao me mudar para o Rio de Janeiro, em janeiro de 1979, continuei junto ao CBA/RJ, até a anistia de agosto, a qual, apesar de não ter sido nem ampla, nem geral e nem irrestrita, foi uma vitória do povo brasileiro.

O meu trabalho, na campanha da Anistia, começou em São Paulo, quando participei da realização do Congresso Nacional de Anistia, em novembro de 1978.

Ao me mudar para o Rio de Janeiro, em janeiro de 1979, continuei junto ao CBA/RJ, até a anistia de agosto, a qual, apesar de não ter sido nem ampla, nem geral e nem irrestrita, foi uma vitória do povo brasileiro.

Tomar parte na Campanha da Anistia foi uma grande satisfação, tanto para mim como também para a minha família, já que, juntos, participamos do Congresso de 1978. Esse foi o nosso primeiro contato direto com os familiares, cujos relatos de mortes e desaparecimentos dos seus entes queridos, nos deixaram profundamente emocionados e marcados.

Momentos importantes desse processo foram os da volta dos exilados e a libertação dos presos políticos.

Particularmente importante para mim foi a primeira visita que fiz a Alzira Grabois. Quando lhe perguntei quem ela tinha perdido na luta contra a ditadura, ela me respondeu na sua voz sumida: "Todos". Ela perdera o marido, o filho e o genro na guerrilha do Araguaia.

Depois de 1979, quando os CBAs foram perdendo vigência, continuei com algumas mães do Rio (Alzira Grabois, Elza Joana Vasconcelos, Cirena Barroso, Dilma Alves e várias outras) nos seus protestos todas as quintas feiras na Cinelândia (centro do Rio), quando distribuíam panfletos e expunham fotos dos filhos e maridos mortos ou desaparecidos.

No primeiro semestre de 1985 participei da fundação do Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro, e, desde então, com esse grupo, continuamos a luta pelos direitos humanos, contra a impunidade e a tortura que ainda ocorrem nesta nossa "democracia".

A Campanha da Anistia ajudou a conscientizar a população sobre a repressão que havia no país, denunciando esse período recente e triste da nossa história. E, ao promover a volta dos exilados e a libertação dos presos políticos, permitiu a retomada, por esses lutadores, da conquista das liberdades políticas e dos direitos sociais no Brasil.

 

*Maria Dolores Perez Gonzales (Lola), professora universitária aposentada, participou do CBA/SP e CBA/RJ. Hoje integra o grupo Tortura Nunca Mais/RJ.