Estamos solidários com os jornalistas
Cartas de diversos setores da sociedade.
Quando a notícia da morte do jornalista Vladimir Herzog começou a correr de boca em boca começaram a chegar ao Sindicato dos Jornalistas, já no domingo, as primeiras manifestações de solidariedade. E quando o fato se tornou público, através da nota do II Exército divulgada pelos jornais, telegramas e cartas de apoio aos jornalistas paulistas vieram de todos os cantos do Brasil e mesmo do exterior. Nesses 20 dias que nos separam do 25 de outubro – quando Vlado se apresentou no DOI para prestar depoimentos e saiu de lá morto – o Sindicato recebeu mais de uma centena de manifestações de solidariedade de sindicatos, associações de classe, jornalistas, estudantes, deputados e de pessoas do povo.
ABI Manifesta pesar apreensão
“Esteja certo, senhor presidente, de que a associação Brasileira de Imprensa partilha a dor que desconforta os nossos companheiros de todo o Brasil. Pedimos que transmita à família do jornalista Vladimir Herzog o nosso mais profundo pesar”. Esse é um trecho da carta enviada a Audálio Dantas pelo presidente da ABI, Prudente de Moraes Neto, onde ele comunica que encaminhou ao general Eduardo D’Ávila Mello, comandante do II Exército, um oficio manifestando a apreensão de toda a imprensa brasileira pelos recentes acontecimentos verificados em São Paulo.
Aqui a íntegra do ofício, datado de 27 de outubro:
“A Associação Brasileira de Imprensa lamenta os recentes acontecimentos em São Paulo, onde um número elevado de jornalistas vem sendo presos e submetidos a longos interrogatórios sem assistência jurídica, em regime de incomunicabilidade. Estes acontecimentos tornaram-se mais preocupantes com a morte do jornalista Vladmir Herzog, ocorrida nas dependências do Departamento de Operações Internas do II Exército, sob cuja responsabilidade se encontram todas as pessoas aí detidas.
2. No comunicado oficial, através do qual este comando explica as circunstâncias da morte do jornalista Vladimir Herzog, há a menção expressa de que “as prisões se encontram, rigorosamente, dentro dos preceitos legais, não visando a atingir classes, mas tão somente salvaguardar a ordem constituída e a segurança nacional”. Sem embargo da consideração devida à citada comunicação de Vossa Excelência, pedimos vênia para ponderar que o grande número de detenções de jornalistas vem causando compreensível apreensão nos meios da imprensa do país. Por outro lado, são do conhecimento público casos como os dos jornalistas Sérgio Gomes da Silva e Marinilda Carvalho Marchi, que estão detidos, respectivamente, desde os dias cinco e oito, e até agora mantidos em regime de incomunicabilidade e sem que tenha sido sua detenção à autoridade judiciária militar competente, em contrário ao que determina a Lei.
3. Ao divulgar o comunicado oficial desse Comando, a imprensa do Rio de Janeiro (O Globo, 27/10/75, página 5) revela que Vossa Excelência determinou a abertura de inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Vladimir Herzog. Esse inquérito, realmente indispensável para o total esclarecimento dos fatos e da opinião pública do país, não produzirá, a nosso ver, o efeito que todos desejamos, se não for acompanhado pelo Ministério Público da Justiça Militar e com o acesso da imprensa às diligências e depoimentos decorrentes das investigações. Acreditamos que tais providências não causarão prejuízo ao andamento das investigações; ao contrário, só poderão contribuir para alcançar o resultado almejado por Vossa Excelência, concorrendo para evidenciar que o Comando do II Exército não admite arbitrariedades nem negligências como as que podem ter dado ensejo à morte do jornalista Vladimir Herzog nas circunstâncias em que se verificou.
4. Permitimo-nos, ainda, lembrar a Vossa Excelência que continuam detidos, sob a responsabilidade desse Comando, além dos mencionados jornalistas, Sérgio Gomes da Silva e Marinilda Carvalho Marchi, os nossos colegas Paulo Sério Markun, Ricardo de Morais Monteiro, Luís Paulo da Costa, Frederico Pessoa da Silva, Luís Vidal Pola Galé.
Até o momento, a prisão desses jornalistas não foi objeto de comunicação à autoridade judiciária militar competente e todos eles continuam em regime de incomunicabilidade, apesar de alguns pela terem cumprido o prazo estabelecido pela Lei de Segurança Nacional. Encontram-se eles também privados de assistência jurídica, embora muitos tenham constituído advogado para defendê-los e, principalmente, assisti-los nos interrogatórios a que são submetidos.
5. Dirigimo-nos a Vossa Excelência, como autoridade responsável que é pelos presos que estão sob a custódia do Comando do II Exército, para fazer um apelo no sentido de que esses nossos colegas tenham assegurado o direito de defender-se nos termos da Lei.
Aguardando um pronunciamento de Vossa Excelência, apresentamos nossas respeitosas saudações.”
Federação e Sindicatos apoiam São Paulo
Do presidente da Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais, Joezil de Barros, recebemos o seguinte telegrama:
“No momento em que desaparece o jornalista Vladimir Herzog, a Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais apresenta seu pesar à classe jornalística paulista e afirma seu apoio à diretoria desse Sindicato pelas medidas junto às autoridades visando esclarecer o caso, bem como o amparo à família do extinto”.
Diante dos fatos ocorridos em São Paulo, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais emitiu uma nota oficial onde diz: “Reiterando a sua inabalável fé democrática, já expressa em vários documentos desde a posse da atual diretoria, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais aprovou voto de pesar pelo falecimento do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido sábado último, nas dependências do Departamento de Operações Internas (DOI) do II Exército, em São Paulo”.
Em sua nota, o Sindicato mineiro dá total solidariedade “aos termos da nota oficial do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, amplamente divulgada pela imprensa nacional, na qual denuncia e reclama das autoridades um fim a esta situação em que os jornalistas profissionais, no pleno, claro e público exercício de sua profissão, permanecem sujeitos ao arbítrio de órgãos de segurança”.
Anísio Félix, o presidente do Sindicato baiano, também se solidarizou com “o incisivo pronunciamento dos companheiros do sindicato paulista solicitando esclarecimentos em torno da dolorosa ocorrência e reclamando garantias que nos devem ser asseguradas para o pleno exercício da atividade profissional”.
As diretorias da Associação Riograndense de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, ao se pronunciarem, afirmaram: “Assim o fazemos por um princípio de solidariedade humana e pela consciência de que é um dos deveres das entidades de classe zelar pela liberdade de imprensa e de informação e para que todos os jornalistas desenvolvam suas funções em clima de tranquilidade e segurança”.
Também se manifestaram os Sindicatos de Jornalistas de Santa Catarina, do Recife, do Amazonas, do Paraná, do Pará, do Distrito Federal, da Guanabara e do Rio de Janeiro; a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul, a Associação Campineira de Imprensa, a Associação dos Cronistas Esportivos dos Estados de São Paulo, a Associação dos Jornais do Interior, a Associação Paulista dos Críticos de Arte e Associação dos Jornalistas de Economia de São Paulo.
A Organização Internacional dos Periodistas enviou um telegrama dizendo: “Comovidos com a morte do colega Herzog, protestamos contra a prisão de numerosos jornalistas. Em nome de 150 mil jornalistas do mundo todo, recebam nossa manifestação de solidariedade e simpatia”. Poucos dias depois o Sindicato recebia manifestação da Federação Internacional dos Jornalistas: “Recebemos com profunda consternação a notícia da morte do colega Vladimir Herzog. Em nome de seus 80 mil membros no mundo inteiro, a FIJ deseja associar-se ao luto dos jornalistas brasileiros em memória do colega morto. Informamos, ao mesmo tempo, que expressamos a nossa inquietude ao presidente Geisel, solicitando-lhe melhores esclarecimentos sobre outros jornalistas presos”.
De outras categorias, a mesma solidariedade
O Sindicato dos Artistas e a Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo enviaram um documento de solidariedade e apoio, onde afirmam: “Cientes de que os direitos humanos e liberdade de expressão devem ser preservados em nome dos artistas, técnicos e empresários teatrais que atuam nesse Estado, emprestamos o nosso total apoio ao manifesto do órgão representativo da classe jornalística”.
Os profissionais em Pesquisa de Mercado em São Paulo, em mensagem ao Sindicato, mostrando-se indignados com os acontecimentos atuais que conduziram à brutal morte do jornalista e professor Vladimir Herzog, marido de sua companheira de trabalho. Clarice Herzog, disseram: “Queremos, assim como as entidades profissionais e estudantis, manifestar nossa preocupação pela integridade física e psíquica das pessoas que se encontram detidas nesses órgãos de segurança”.
A Associação Brasileira de Documentaristas, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo, a Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo, o Instituto Brasileiro de Estudos Africanos e a ordem dos Advogados do Brasil também prestaram o seu apoio.
Já a Frente Nacional do Trabalho encaminhou um ofício ao Sindicato externando sua solidariedade pela morte de Vladimir Herzog. Em sua carta diz: “A profunda e fraterna solidariedade devida entre todos os homens renasce e ganha vigor no doloroso momento em que o jornalista Vladimir Herrog desaparece na forma oficialmente comunicada, mas na qual poucos acreditam”.
E afirma: “Nós acreditamos que a verdade e a justiça aparecerão com o tempo, mais cedo que muitos pensam, se a defesa da lei se fizer sem ódio ou privilégios, mas com espírito libertador, capaz de livrar os próprios responsáveis pela iniquidade de que se tornam prisioneiros; permanecem impunes pelas crueldades perante a lei, mas não diante da sua consciência, da sua mulher, dos seus filhos e da história. Saudações fraternas e firmeza permanente na busca da Justiça”.
Morte de Vlado atinge todos os jornalistas
“Nesta hora de dor para todos os jornalistas brasileiros, chocados com a morte do colega Vladimir Herzog, manifestamos aos nossos companheiros de São Paulo, através de seu Sindicato, que tão bem tem sabido se comportar nesta hora difícil para a nossa profissão, o testemunho de um sentimento profundo de solidariedade e esperança de que cesse a brutalidade que nos golpeia tão impiedosamente, à pessoa do companheiro morto e dos companheiros presos”.
Esta mensagem, que veio do Rio, é assinada por 315 profissionais das redações do Jornal do Brasil, O Globo, Última Hora, Pasquim e Editora Bloch e das sucursais cariocas da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo; Editora Abril, Jornal da Tarde e Movimento. E outros 12 jornalistas do Diário de Notícias do Rio também enviaram uma carta de solidariedade.
Em telegrama enviado ao Sindicato, a redação da Sucursal da Veja em Brasília cumprimenta a diretoria pela sua atuação: “Marinilda Marchi já está incorporada ao trabalho normal na redação da Sucursal da Veja de Brasília. Por favor, aceite e transmita à diretoria do Sindicato os maiores agradecimentos pela defesa e vigilante atuação em favor de nossa colega”.
Do ex-presidente e conhecido jornalista J. Herculano Pires, a Sindicato recebeu a seguinte carta:
“Como ex-presidente do nosso Sindicato e companheiro de tantas lutas da classe, quero manifestar-lhe a minha admiração e o meu respeito pela firmeza e dignidade profissional e humana com que a atual Diretoria vem agindo no momento desastroso que atravessamos. A brutalidade dos fatos encontra pelo menos a barreira dos que lutam pela preservação dos direitos humanos e da intangibilidade moral da Pátria. Acima de todas as ideologias e posições políticas ou conflitos sociais, o nosso Sindicato preserva, com lucidez e equilíbrio admiráveis, a tradição humanista e por isso mesmo democrática da nossa formação cultural.
“Há momentos em que as palavras parecem valer muito pouco ou nada valer, mas precisam ser ditas. Perdoem-me as pretensões destas linhas de apoio e solidariedade. Não sou mais do que um companheiro de velhas lutas, sem maior expressão no contexto dramático da realidade presente. Quero apenas que apalavrado companheiro não falte na hora da angústia.
“Confio na prevalência moral sobre todos os desvios e perturbações sociais. Essa mesma confiança se revela na posição enérgica e equilibrada do nosso Sindicato. O ponto de equilíbrio é o único a permanecer, durante e após as fases de turbulência, como nos demonstra a História, “mestra dos homens”.
Os jornalistas do semanário Opinião encaminharam a seguinte mensagem: “Solidários com os companheiros paulistas, nesta hora em que toda a classe se sente enlutada pelo brutal desfecho de um episódio em que o Sindicato encarnou com serenidade e legitimidade o seu papel de órgão de defesa dos jornalistas, pedimos transmitir o nosso mais profundo pesar à família de Vladimir Herzog”.
Dizendo ser hora de luto e de luta, o jornalista Mauricio Loureiro Gama se solidarizou com o Sindicato, hipotecando “integral solidariedade á família de Vladimir Herzog e aos companheiros, tão duramente feridos pelo arame farpado e pelas cercas eletrificadas da violência e da injustiça”.
Macedo Dantas, de Recife, ao pedir aos diretores do Sindicato para transmitir à família de Vladimir Herzog os seus sentimentos, disse: “Venho trazer-lhes, ao mesmo tempo, minhas felicitações pela firmeza, desassombro, serenidade, equilíbrio, lucidez com que se houveram no angustiante episódio. Mais uma vez esta diretora se revelou, moral e intelectualmente, merecedora da confiança por nós depositada em pleito memorável”.
Também foram recebidas mensagens dos jornalistas Maria Diva de Faria, Luis Ernesto Kawall, Paulo Patarra e de Geraldo Azevedo, de Recife que disse: “Solidarizo-me, prezado amigo e colegas paulistas, com a dor que a todos envolve ma não abate o ânimo na luta em defesa dos direitos humanos, justiça e liberdade”.
O jornalista Edvaldo Pacote enviou a seguinte carta a Audálio Dantas: “Impossibilitado, no momento, de permanecer em São Paulo, quero me solidarizar com todas as atitudes corajosamente assumidas pelos meus companheiros de classe, justamente revoltados contra o trágico desaparecimento do colega e amigo Vlado Herzog.
Quero, nesta oportunidade, lembrar a triste confissão do pastor alemão Matin Niemoeller, sacrificado pelos nazistas:
“Primeiro eles vieram buscar os comunistas. Não falei nada, porque era comunista: Então, eles vieram buscar os judeus. Nada falei, porque não era judeu. Depois, vieram buscar os operários, membros dos Sindicatos. Nada falei, porque não era operário sindicalizado. Então eles vieram buscar os católicos e não falei nada, porque sou protestante. Finalmente, eles vieram me buscar – quando isto aconteceu, não havia restado ninguém para falar”.
De Genebra, o chargista Claudius enviou o seguinte telegrama: “Soube da morte de Vlado pelos jornais. Peço que façam chegar a sua mulher e seus filhos meus sentimentos de solidariedade, horror e revolta”.
De Lisboa, o jornalista Miguel Urbano Rodrigues mandou esta mensagem: “Na condição de sócio desse sindicato manifesto minha solidariedade, dor e revolta pelo fim incomparável do companheiro e amigo Vlado Herzog”.
Estudantes protestam, aulas paralisadas
Em documento encaminhado ao Sindicato, o Diretório Acadêmico Casper Libero lamenta publicamente a morte do jornalista e professor Vladimir Herzog, repudiando as circunstâncias em que ela ocorreu. Depois de informar que apóia incondicionalmente todas as medidas adotadas pelo Sindicato em defesa dos jornalistas presos, afirma que “em solidariedade aos colegas da Universidade de São Paulo, que pararam as aulas em sinal de protesto contra os últimos acontecimentos, o Diretório Acadêmico desta Faculdade suspendeu as atividades culturais para esta semana e convida todos os alunos da Casper Libero para assistirem ao culto ecumênico que se realizará no dia 31, pela morte do jornalista e professor Vladimir Herzog”.
Os alunos da Faculdade de Comunicações da FAAP também encaminharam uma carta ao Sindicato: “Os alunos da Faculdade de Comunicações da Fundação Armando Álvares Penteado, profundamente entristecidos e indignados com a morte do Vladimir Herzog, ocorrida no último dia 25 de outubro, em São Paulo, nas dependências do DOI – Departamento de Operações Internas do II Exército – estendem suas mãos em solidariedade à classe jornalística representada por esse Sindicato, cumprimentando-os pela firmeza e objetividade com que têm conduzido sua atuação na defesa de seus filiados”.
“É impossível estarmos aqui hoje a discutir Imprensa e América, enquanto moços de 38 anos, ontem estudantes, hoje jornalistas, sucumbem em pleno exercício de seu trabalho”. Esse foi o argumento que o Centro Acadêmico Administração de Empresas, da Escola da Fundação Getúlio Vargas, utilizou, em documento enviado ao Sindicato, para suspender todas as conferências e debates que seriam realizados na Semana Latino-Americana.
“É notória, nos últimos dias, a escalada que vem tendo a repressão, sua culminância foi alcançada com a morte misteriosa do jornalista e professor da Escola de Comunicações da USP, Vladmir Herzog”. Esse é o trecho inicial do documento encaminhado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, ao Sindicato, onde os estudantes afirmam seu repúdio pelas circunstâncias em que ocorreu a morte do jornalista, “pois Vladmir se encontrava sob custódia de autoridades militares, responsáveis, logicamente, pela segurança de todos quantos estejam sob sua guarda”.
Os alunos, professores e funcionários da Universidade de Campinas e os alunos de Ciências Humanas da Pontifícia Universidade de Campinas encaminharam ao Sindicato, uma cópia da carta aberta, onde protestam contra as constantes prisões, que atingiram vários estudantes e professores da Universidade de Campinas e da USP, e que culminaram com a morte do jornalista e professor Vladimir Herzog.
“Como um dos setores sociais que mais sente a atmosfera sufocante de coerção, da política repressiva que vive nosso país, não aceitamos permanecer calados ante de tais fatos. Cientes da responsabilidade assumida, vimos a público denunciar esses fatos como algo que vai além do mero acidente ou um simples descuido do que ocorre nos porões da administração”, diz um trecho da carta.
Também manifestaram a sua solidariedade e o seu repúdio pelas condições em que ocorreu a morte de Vladimir Herzog, a Universidade Federal da Bahia; o Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, de Piracicaba; o Centro Acadêmico Roberto Simonsen, da Faculdade de Economia da FAAP; o Centro Acadêmico do Curso de Biomédicas da Faculdade de Santo Amaro; o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais; Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Campinas; os alunos e professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo “Elmano Ferreira Veloso”, de São José dos Campos; o Diretório Acadêmico Eduardo Lustosa, das Faculdades Anchieta de São Paulo; o Diretório Acadêmico “Sandra Carvalho da Costa Florim”, das Faculdades Objetivo; o Diretório Acadêmico da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicações da UFRS.
Os alunos do curso de Pedagogia da PUC encaminharam ao Sindicato a seguinte mensagem, apoiada por quase todos os cursos daquela Universidade: “Nós, alunos do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em assembléia geral realizada nesta data, assumimos a paralização das atividades didáticas até lº de novembro, em solidariedade aos alunos e professores da USP e demais Faculdades, frente às prisões, torturas e mortes, incluindo a do jornalista e professor Vladimir Herzog”.
Os estudantes de Comunicações da Universidade de Brasília enviaram o seguinte telegrama: “Manifestamos solidariedade e apoio à luta do Sindicato e expressamos pesar e veemente repúdio pelas prisões de jornalistas e estudantes que culminaram com a morte de Vladimir Herzog”.
No plenário, advertência e solidariedade
Poucas horas depois do sepultamento de Vladimir Herzog, o deputado Freitas Nobre, ex-presidente do Sindicato doa Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais, denunciou na Câmara dos Deputados a morte do jornalista, afirmando “ que todas as vezes que os governos pretendem reagir contra determinados movimentos é sempre o jornalista o alcançado em primeiro lugar, assumindo, assim, o risco quase permanente da injustiça das reações sem reflexão”.
“O clima da intranquilidade e insegurança que vivem os jornalistas do país reclama do governo uma providência capaz de assegurar, pelo menos, a incolumidade física dos profissionais, inclusive daqueles que sob suspeita de professarem ideologias contrárias ao regime podem responder aos processos que se instaurarem, mas não podem sofrer sevicias, maus tratos, torturas até à morte, seja direta, seja indireta”.
O deputado Frederico Brandão enviou ao Sindicato o seguinte telegrama: “Recebam prezados companheiros a minha irrestrita solidariedade ao brutal acontecimento pela morte de Vladimir Herzog. Sacrifícios de patriotas como ele são mais um fator de estimulo à luta pela redemocratização do país, afastados o arbítrio e a prepotência vigentes”.
Em mensagem ao Sindicato, o vereador Nestor A. Perettoni comunicou que a Câmara Municipal de Caxias do Sul, acolhendo por unanimidade requerimento do vereador Ademar Ferreira Rahde, do MDB, “consignou em seus anais um voto de profundo pesar pela tragédia que envolveu o eminente jornalista Vladimir Herzog”.
Os comitês de imprensa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal também se solidarizaram com o Sindicato paulista pelas posições que assumiu diante da morte de Vladimir Herzog. O Sindicato recebeu ainda solidariedade do deputado Marcelo Gatto, que lamentou informar não poder comparecer ao culto ecumênico.
A manifestação dos cidadãos
“Na qualidade de escritor e, antes de tudo, de cidadão brasileiro, desejo transmitir a esse Sindicato – e, por seu intermédio, à família enlutada e a todos os órgãos de classe e entidades envolvidas na trágica situação desse momento – a minha solidariedade na dor e na indignação diante da morte cruel de Vladimir Herzog”. A mensagem é assinada por Pedro Otávio Carneiro da Cunha.
Os advogados Paulo Benedito Lazzareschi e Almir Pazzianoto Pinto também se solidarizaram com os jornalistas. Paulo Benedito Lazzareschi afirmou: “Causa indignação e revolta o trágico desaparecimento do jornalista Viadimir Herzog”.
Do corretor de imóveis de Jacarepaguá, Ernani Jacques Ornellas, o Sindicato recebeu o seguinte telegrama: “Solidarizo-me com a posição desse Sindicato, relacionada com a morte do jornalista Viadimir Herzog”.
O estudante de jornalismo da Universidade Federal de Minas Gerais, Sebastião Breguez, enviou este telegrama: “O caso, do colega Vladimir ensina que só unidos evitaremos arbitrariedades”.
E o funcionário de uma firma da Capital entregou ao Sindicato uma carta pessoal ,onde afirma que “nós, do povo, também estamos solidários com a classe e sentimos profundamente o desaparecimento trágico e “confuso” do jornalista e professor Vladimir Herzog”.