Tudo pronto, entregamos o material para o Carlito fazer a apresentação. Ele foi bem cedinho para o Rio e a gente ficou fazendo figa a espera de alguma notícia. A manhã passou… e nada!Além das preocupações mais concretas do front interno, a esquerda romântica estava em plena luta no Vietnã, Diariamente a gente acompanhava o noticiário da guerra e todos torciam fanaticamente pelos vietcongues. Aos som das canções do Bob Dylan e da Joan Baez, a gente comemorava as derrotas freqüentes dos inocentes e dopados mariners americanos. Um dia, a Magaldi & Maia foi chamada pela americaníssima Baush-Lomb – sediada no Rio de Janeiro. O possível cliente queria uma campanha para aumentar as vendas de óculos ray-ban. Sabe-se lá por que recomendação amiga vieram bater a nossa porta. Bem… faturamento é faturamento e nessa hora ninguém é suficientemente louco para misturar mídia com ideologia. Ou será que…

Eu e o gordo rachamos a cabeça e criamos uma campanha linda. Tudo pronto, entregamos o material para o Carlito fazer a apresentação. Ele foi bem cedinho para o Rio e a gente ficou fazendo figa a espera de alguma notícia. A manhã passou… e nada! Lá pelo meio da tarde, o silêncio de nosso enviado especial começou a preocupar…

– Deve ter dado merda…

Só a noite conseguimos localizar nosso desaparecido sócio e tomar conhecimento de sua espantosa apresentação para a caprichada campanha. No avião, o Carlito leu nas manchetes dos jornais que os guerrilheiros vietcongues tinham conseguido invadir a embaixada americana em Saigon.

Muito empolgado com o extraordinário feito bélico, ele chegou a mil por hora no cliente. Os gringos, é claro, também tinham lido as notícias e não estavam para muitas brincadeiras. Aí, o velho Carlito não se conteve. Antes mesmo de abrir o pacote com os layouts soltou a pérola:

– Vocês hoje em Saigon, hein… top-top!

Adeus campanha! Adeus cliente! Adeus faturamento!

GOZAÇÃO COM FREGUÊS, SÓ DEPOIS DO FIM DO MÊS!