O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou financiamento de projetos de integração da América do Sul.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, anunciou ontem uma parceria com a Corporação Andina de Fomento (CAF) para financiamento de projetos de integração da América do Sul. A CAF e o BNDES farão um seminário em agosto entre todos os países da América do Sul, quando cada um deles apresentará dois projetos de integração que consideram prioritários.

Estes projetos contarão com dinheiro da CAF e do banco brasileiro. O anúncio da parceria foi feito durante o I Seminário de Infra-Estrutura para o Desenvolvimento Sustentável, promovido pela Fundação Perseu Abramo, e que está sendo realizado em Brasília hoje e amanhã, 27.

“Os Estados Unidos ligaram o Atlântico ao Pacífico já no final do Século XIX. A América do Sul ainda hoje não fez esta ligação”, afirmou o presidente do BNDES. Lessa lembrou que a integração com os demais países sul-americanos abre grandes possibilidades para o Brasil e citou o caso da Venezuela. Pelo BNDES, o Brasil está finalizando um acordo de US$ 1 bilhão com os venezuelanos para financiar o comércio bilateral entre os dois países.

No mesmo painel de discussões, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, defendeu a presença forte do governo na execução de projetos de infra-estrutura, por entender que na iniciativa privada não há poupança suficiente para sustentar o custo dos empreendimentos. O ministro disse que, se nada for feito, o problema da infra-estrutura tende a se agravar em razão da interiorização dos segmentos de produção. Ciro Gomes citou o caso do Piauí, onde está se abrindo uma nova fronteira de produção de soja. O escoamento da safra vem sendo feito por estradas vicinais, segundo o ministro.

O diretor da empresa Macrologística Consultoria, Renato Pavan, disse que há gargalos físicos e institucionais que impedem a execução de projetos de infra-estrutura ou implicam perda competitividade para as empresas brasileiras. Entre os gargalos institucionais estariam leis inadequadas, a falta de planejamento de longo prazo e os obstáculos impostos pela legislação ambiental. “Para estes, não há necessidade de recursos, basta apenas vontade política para resolve-los”, disse Pavan.

Ele disse que o governo terá de mexer na legislação para implementar o programa Parceria Pública Privada, com o qual pretende unir esforços com grupos privados para executar projetos de infra-estrutura. A Legislação atual não permite este tipo de parceria.

Renato Pavan disse que o Brasil terá de alterar substancialmente sua matriz de transportes para competir com outros países no mercado internacional. Ele citou o caso da soja, onde as rodovias respondem por 60% do transporte da safra. Outros 33% são escoadas por ferrovias e apenas 7% vão por hidrovias. Nos Estados Unidos, 60% da soja produzida é transportada por ferrovias e apenas 16% por rodovias.

O diretor da Macrologística afirmou que o Brasil terá de garantir nos próximos anos que as ferrovias e hidrovias passem a responder pelo transporte de 80% da soja. Para isso há necessidade de intervenções na matriz de transportes, com investimentos em ferrovias e hidrovias. O custo destas intervenções é estimado em cerca de US$ 5 bilhões. Os projetos consolidariam a integração física do Brasil com o Mercosul mais o Chile, Equador, Bolívia e Peru. Eles garantiram também a redução dos custos médios dos fretes de transportes. Só no caso da soja, o frete médio cairia de US$ 25,00 por tonelada para US$ 14,00, o que significaria uma economia de US$ 400 milhões por ano.

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