Mercosul precisa ter agenda de partidos, governos, coalizões e sociedade
Seminário Europa e América do Sul: os processos de unificação, foi realizado nos dias 18 e 19/11/04, em São Paulo, promovido pelas fundações Perseu Abramo (Brasil) e Jean-Jaurès (França). A terceira mesa do seminário, Relação entre os partidos políticos no âmbito regional – A relação entre a esfera de representação local, nacional e regional foi debatida por Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Política Externa da Presidência da República do Brasil, e pelos senadores Carlos Filizzola, do Paraguai, e Carlos Ominami, do Chile.
Da esq. para dir.:Carlos Ominami, senador do Chile, Carlos Filizzola, senador do Paraguai, Selma Rocha, diretora da Fundação Perseu Abramo, e Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidência da República. Foto: Sílvia Masini
Com um olhar de historiador, Marco Aurélio apresentou um panorama recente das esquerdas da América do Sul e da experiência que muitos desses países tiveram com governos militares que deixaram fortes seqüelas, principalmente de ordem política e social. Esse passado, segundo ele, é fundamental para reconhecer os atuais desafios. “Independente de pensar um modelo nacional, precisamos crescer muito: distribuir renda, ter equilíbrio macroeconômico, possuir processos menos vulneráveis com relação à política externa e fortalecer a democracia”, afirmou.
“Decorre de todo esse processo histórico, a crise pela qual passam os partidos de esquerda atualmente, pois são fruto de um passado sem experiências exitosas, diferente das gerações anteriores que se inspiraram em modelos como o comunismo soviético, por exemplo”, afirmou ele.
Ele salientou a importância de se pensar a reconstrução da economia nacional no âmbito regional e como seria valioso se os partidos tivessem maior participação nessas decisões com os governos. Propôs também uma agenda de partidos, governos e coalizão para conquistar um espaço mais efetivo para este debate.
O senador Carlos Filizzola concordou com Marco Aurélio na questão da necessidade de se construir um projeto político nacional e defendeu o multilateralismo. “Só um processo unido do bloco sul pode recuperar a economia e a produção desses países”, disse o senador. Para ele, os partidos progressistas têm relevante papel para a criação do Parlamento do Mercosul e de propiciar a institucionalização desse processo de integração.
Para o senador Carlos Ominami “seria um tremendo passo ter um Mercosul realmente integrado e uma sociedade crítica capaz de opinar e lutar por sua continuidade”. O senador também falou da importância das forças progressistas terem um papel mais ativo no processo de integração para fazer frente ao chamado “pensamento único”. Na sua visão, os países da América do Sul precisam estar integrados politicamente.