O escravismo colonial
O estudo de uma formação social deve começar pelo estudo do modo de produção que lhe serve de base material. As formações sociais podem conter um único modo, o que lhes atribuirá homogeneidade estrutural. Podem conter, no entanto, vários modos, dos quais o dominante determinará o caráter geral da formação social. Comumente, os próprios modos de produção não são puros, mas encerram categorias insuficientemente desenvolvidas ou decadentes, que representam embriões ou sobrevivências de modos de produção diferentes.
O objeto desta obra é o modo de produção escravista colonial. Somente o fundamento da formação social escravista, e não toda ela. Uma vez que o autor tem consciência da distinção entre modo de produção e formação social, seria descabido imputar-lhe a deformação economicista na abordagem de um objeto do domínio da economia política.
O que se deu foi, aliás, algo bem diverso, conforme constatará o leitor: a abordagem do modo de produção sob o tríplice enfoque da economia política, da ciência histórica e da sociologia, que resultou num profundo estudo subordinado ao conhecido rigor metodológico de Jacob Gorender, marxista que participou ativamente, no Brasil, das lutas sociais e políticas do século XX.
Escrito nos primeiros anos de 1970, O escravismo colonial marcou a historiografia e ressurge, três décadas depois nesta nova edição. Traz valoroso prefácio de Mário Maestri, homenageia a trajetória do autor, contextualiza o cenário político central da obra e nos coloca diante de um tema sempre atual, o debate sobre a construção de um projeto popular para o Brasil.