Bolsonaro preso isola Trump e reforça soberania do Brasil, diz NYT
A atuação independente do STF e a reação do governo Lula isolaram a pressão de Donald Trump e expuseram o enfraquecimento político e jurídico de Jair Bolsonaro, segundo análise do The New York Times

A prisão de Jair Bolsonaro, decretada após sua condenação e reiterada no sábado (22) por descumprimento das regras do monitoramento eletrônico, é descrita pelo The New York Times como a demonstração mais clara de que a tentativa de Donald Trump de interferir no processo brasileiro fracassou.
Mesmo diante de pressões econômicas e diplomáticas inéditas, como tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sanções dirigidas ao ministro Alexandre de Moraes , o Judiciário manteve sua atuação baseada no devido processo legal, nas provas reunidas e na autonomia funcional garantida pela Constituição.
O NYT classificou a ofensiva de Trump como uma “tentativa extraordinária” de influenciar o caso mais sensível do Brasil desde a redemocratização. De cartas agressivas enviadas ao presidente Lula a pressões diplomáticas e declarações públicas em defesa de Bolsonaro, o movimento do republicano tinha o objetivo de travar o avanço das investigações. Nada disso, porém, alterou o curso jurídico: Bolsonaro foi condenado e detido, enquanto as instituições brasileiras “basicamente o ignoraram”, segundo o jornal.
Reação das instituições
A reportagem destaca ainda que a firmeza demonstrada pelo governo brasileiro contribuiu para isolar tentativas de ingerência externa. Lula reiterou que o Brasil é um país soberano e que nenhuma pressão política poderia interferir na atuação do Supremo Tribunal Federal, que age de forma independente.
Essa postura, segundo analistas ouvidos pelo NYT, reforçou a credibilidade do país no cenário internacional e mostrou que a democracia brasileira possui mecanismos sólidos de autoproteção.
Além disso, a intervenção de Trump acabou produzindo efeitos indesejados até mesmo nos Estados Unidos. As tarifas impostas ao Brasil pressionaram preços internos de produtos como carne e café, provocando desgaste político em um cenário econômico já instável, segundo analistas do mercado norte-americano citados pelo jornal.
Diante da reação negativa, Trump começou a recuar e adotou postura mais conciliadora com Lula, passando inclusive a elogiá-lo publicamente.A mudança diplomática se materializou na retirada das principais tarifas aplicadas ao Brasil, assinada na última quinta-feira por Trump.
Para o NYT, o gesto foi interpretado como uma admissão implícita de derrota. E reforçou a avaliação de que Bolsonaro foi o maior perdedor do episódio, ao perder o apoio de seu aliado internacional mais influente ao mesmo tempo que aprofundou sua vulnerabilidade política e jurídica no país



