Em vídeo nas redes sociais, Lula plantou uva Vitória no Alvorada, criticou o tarifaço de Trump e disse estar semeando comida em vez de ódio

“Planto comida, não ódio”: Lula planta uva no Alvorada e manda recado a Trump
Foto: Reprodução ‘X’/Presidente Lula

Em meio à crise aberta pelo tarifaço de Donald Trump contra produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou na noite de sábado (16) um vídeo simbólico nas redes sociais. 

Filmado pela primeira-dama Janja, Lula aparece de joelhos no gramado do Palácio do Alvorada, com as mãos na terra, plantando uma muda de uva Vitória. O gesto simples ganhou peso político imediato: era uma mensagem direta ao presidente dos Estados Unidos.

“Isso aqui é um exemplo. Estou plantando comida e não plantando violência e plantando ódio. Espero que um dia possamos conversar, presidente Trump, para o senhor aprender a qualidade do povo brasileiro”, afirmou Lula, olhando para a câmera enquanto cobria as raízes com terra.

Presidente destacou inovação da Embrapa, convidou Trump a conhecer o Brasil e defendeu a soberania em meio à crise comercial

Convite ao “Brasil verdadeiro”

No vídeo, Lula convidou Trump a conhecer o Brasil além das tensões comerciais. “Queria aproveitar este sábado, em que eu estou plantando o pé de uva Vitória aqui no Palácio do Alvorada, um lugar que eu espero que um dia você possa visitar, para que a gente possa conversar, para que você possa conhecer o Brasil verdadeiro. O Brasil do povo que gosta de samba, de carnaval, de futebol, que gosta dos Estados Unidos, da China, da Rússia, do Uruguai, da Venezuela. Nós gostamos de todo mundo.”

A fala contrasta com a retórica agressiva do mandatário norte-americano, que nesta semana anunciou sobretaxa de 50% sobre as exportações brasileiras, atingindo diretamente setores como o agronegócio e a fruticultura.

Símbolo político em tempos de tensão

Ao plantar uva no Alvorada e falar em “semear comida e não ódio”, Lula apresentou um gesto que vai além da agricultura. Foi uma forma de reafirmar o multilateralismo brasileiro e a defesa da soberania em meio à tentativa de Trump de enfraquecer o comércio com o Brasil.

“Está aqui plantado e registrado o primeiro pé de uva Vitória no Palácio do Alvorada. Esse aqui não é fake news, não é inteligência artificial. Estou com a mão suja mesmo de terra. É uma uva brasileira, desenvolvida por uma empresa chamada Embrapa, que é uma das maiores empresas de tecnologia agrícola do mundo”, concluiu o presidente.

Enquanto o governo tenta abrir caminhos diplomáticos para contestar a decisão norte-americana, a cena de Lula no jardim do Alvorada já repercute como uma resposta simbólica: em vez de guerra comercial e retórica agressiva, a defesa de um país que planta, colhe e compartilha.

Fruticultura brasileira em risco e números

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), o Brasil exportou em 2024 um total de US$ 1,3 bilhão em frutas, com destaque para manga, limão, melão e uva de mesa. Só as uvas responderam por US$ 159 milhões, consolidando-se como a quarta fruta mais exportada pelo país. 

O Vale do São Francisco, entre Bahia e Pernambuco, permanece como principal polo produtor, responsável por grande parte das vendas externas. O tarifaço imposto por Trump atinge diretamente esse mercado, em especial a manga, cuja safra começou justamente no período em que a sobretaxa entrou em vigor, trazendo riscos imediatos à renda dos produtores nordestinos.