Cerca de 75% das vagas formais em 2024 foram preenchidas por beneficiários do Bolsa Família, contrariando discursos que associam o programa à falta de esforço ou acomodação

Dados do Caged desmentem preconceito: Bolsa Família impulsiona inserção no mercado formal
MDS Divulgação


Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que quem recebe Bolsa Família não se contenta com o benefício: busca inserção no mercado de trabalho. Das 1,69 milhão de vagas com carteira assinada criadas em 2024, quase 99% foram ocupadas por pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Ou seja, gente que estava à margem e encontrou uma oportunidade graças às ações do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

Por meio do Programa Nacional de Inclusão Socioeconômica, o MDS mapeou a mão de obra disponível e firmou parcerias com empresas para direcionar as vagas aos beneficiários. “Criamos um plano de capacitação que envolve muitas frentes e é voltado às vagas disponíveis no mercado. Assim, quem procura uma oportunidade sabe que tem mais chances de conquistá-la. Não apenas oferecemos uma oportunidade, adaptamos as pessoas a ela”, afirma o secretário do MDS e responsável pelo programa, Luiz Carlos Everton.

Ele destaca que os números desmentem o discurso de que o Bolsa Família estimula o ócio. “Pelo contrário. Quem recebe o benefício quer ampliar sua renda e conquistar um trabalho formal. O Bolsa Família tem sido fundamental para esses resultados, porque dá o suporte necessário para que as pessoas possam sair de casa à procura de emprego.”

Primeiro Passo e empreendedorismo

Everton também cita o programa Acredita no Primeiro Passo, criado pelo Governo Federal para ajudar famílias de baixa renda cadastradas no CadÚnico a melhorar de vida por meio do trabalho e do empreendedorismo. O programa oferece cursos profissionalizantes, apoio à busca por emprego e oportunidades para abrir pequenos negócios, com acesso a microcrédito com juros baixos e orientação especializada.

Podem participar pessoas entre 16 e 65 anos com dados atualizados no CadÚnico. Há atenção especial para mulheres, jovens, pessoas com deficiência, comunidades negras e populações tradicionais, como ribeirinhos e quilombolas. “Mais do que ter uma renda, muitas dessas pessoas querem ter o seu próprio negócio e poder faturar, sozinhas, 20 mil, 30 mil ou até mais. Oferecemos todo o suporte para que quem está no CadÚnico também possa sonhar em abrir a sua própria empresa”, afirma.

Bolsa Família: ajustes e impacto

O Governo Federal também atualizou as regras de transição para famílias que passam a ter renda acima do limite de entrada no Bolsa Família. A Portaria nº 1.084, publicada em 15 de maio, entra em vigor em junho, com efeitos a partir da folha de pagamentos de julho de 2025. As alterações se aplicam às famílias que ingressarem na Regra de Proteção a partir de junho. O objetivo é reduzir a fila de espera e priorizar famílias em situação de pobreza, além de manter a sustentabilidade do programa.

Segundo estudo publicado na revista The Lancet Public Health, o Bolsa Família evitou mais de 700 mil mortes e oito milhões de internações hospitalares no Brasil. A análise, feita em 3.671 municípios que representam 87% da população brasileira, mostrou efeitos especialmente positivos entre crianças pequenas e idosos.

Dados do Caged desmentem preconceito: Bolsa Família impulsiona inserção no mercado formal
Foto: CNI

Investimento direto nas famílias

Em junho de 2025, 20,49 milhões de famílias serão contempladas com um valor médio de R$ 666, totalizando um investimento de R$ 13,64 bilhões. O calendário segue até o dia 30, conforme o final do NIS.

Auxílio Gás
Neste mesmo mês, o Governo Federal paga também o Auxílio Gás a 5,3 milhões de famílias no valor de R$ 108, equivalente ao preço médio do botijão de 13 kg. O investimento é de R$ 579 milhões.

Primeira Infância
Mais de 8,7 milhões de crianças de zero a seis anos recebem o Benefício Primeira Infância, com adicional de R$ 150 por criança. O investimento é de R$ 1,23 bilhão.

Benefícios adicionais
Três benefícios extras de R$ 50 são pagos a 678 mil gestantes, 260 mil nutrizes e 15,3 milhões de crianças e adolescentes entre sete e 18 anos. O valor total destinado a esses grupos é de R$ 738 milhões.