A trama golpista foi urdida no Palácio, por Alberto Cantalice
A canhestra “anistia” morreu no nascedouro
A prisão do general Mário Fernandes e de outros três oficiais do Exército brasileiro e de um agente da Polícia Federal pode ser o começo da incriminação dos organizadores, estimuladores e patrocinadores do golpe de Estado tramado ao longo de 2022, que levou ao trágico 8 de janeiro de 2023, quando não aceitaram, como anunciado, o resultado das eleições legítimas que elegeram a chapa Lula e Alckmin, acompanhadas por observatórios internacionais.
Ao desvendar que o intuito dos criminosos era a eliminação física do presidente eleito, Lula, do vice Geraldo Alckmin e do então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal demonstrou que os objetivos dos golpistas eram de grande extensão e visavam a captura do Estado. Tudo indica que estivemos muito perto de que o inimaginável acontecesse, como citou o ministro Barroso em seu pronunciamento.
Infere-se dessa movimentação que o então presidente Jair Bolsonaro estava ciente de toda a tramoia e que fora para os Estados Unidos esperar o desfecho que se daria no dia 08 de Janeiro. O comando das ações pelo general de Exército Walter Braga Netto e pelo também general, Augusto Heleno já não deixa dúvidas. Pelo andar da carruagem os três: Heleno, Braga Netto e Bolsonaro comporiam a junta de governo com a vitória do golpe.
A trama só não foi um sucesso, pelo que parece, por não contar com a maioria dos membros do alto comando da força terrestre e da Aeronáutica. Quanto à Marinha, já há evidências de que seu comandante, na ocasião Almir Garnier, apoiava a trama.
As seguidas acusações nas redes sociais por influencers de extrema direita contra uma parte dos generais: com acusações de “melancia”, verdes por fora e vermelhos por dentro. Um despautério, grassavam no período. Entretanto, a tolerância com que foram permitidas a presença de milhares de pessoas às portas dos quartéis reivindicando a intervenção militar continua como uma nódoa a ser explicitada pela instituição.
As mãos principais que embalaram o golpe de Estado ainda não foram alcançadas. Os empresários que financiaram e principalmente os militares de alta patente que de fato lideravam. Com a ação de ontem, pode se intuir que a Polícia Federal, o MPF e o STF devem estar em busca do máximo de provas materiais para que os criminosos maiores sejam responsabilizados e expostos seus papéis e assim responsabilizados com punição exemplar. A canhestra “anistia” morreu no nascedouro.
Cabe, no entanto, ressaltar que a história brasileira é pródiga em soluções pelo alto. A não punição dos golpistas de 1964 foi um mau exemplo.
Sem Anistia!