Ao discursar nesta segunda-feira em Assunção, na 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou a importância do fortalecimento da democracia no continente e reforçou o papel estratégico da consolidação do Mercosul na integração regional.

Registro oficial dos líderes do Mercosul em Assunção, no Paraguai. Foto: Ricardo Stuckert / PR
Registro oficial dos líderes do Mercosul em Assunção, no Paraguai. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Ao discursar nesta segunda-feira (8), em Assunção, na 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou a importância do fortalecimento da democracia no continente e reforçou o papel estratégico da consolidação do Mercosul na integração regional.

“Minha aposta no Mercosul como plataforma de inserção internacional e de desenvolvimento do Brasil permanece inabalável. Nosso bloco é um projeto ambicioso e que gerou muitos frutos desde seu lançamento. O comércio entre nós multiplicou-se dez vezes e hoje já é de 49 bilhões de dólares. Precisamos de uma integração regional profunda, baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência, tecnologia e inovação para geração de emprego e renda. O Mercosul é e seguirá sendo a grande aposta de inserção internacional e de desenvolvimento do Brasil”, afirmou o presidente brasileiro, durante o evento no Paraguai.

Lula também destacou a importância de os países do Mercosul estarem atentos e trabalharem para enfrentar as desigualdades sociais no continente, sem retrocessos. “Para superar flagelos como a fome, a pobreza e as desigualdades, é importante contar com um Instituto Social forte, com meios para estabelecer metas e ações concretas. O Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos deve dispor dos recursos necessários para apoiar nossos países na complexa tarefa de garantir direitos e dignidade”, frisou.

Ao abordar a questão das mudanças climáticas, Lula lembrou a tragédia no Rio Grande do Sul, que também impactou o Uruguai, e alertou que, se não forem tomadas medidas concretas, os próximos anos tendem a ser ainda mais difíceis. O presidente ainda fez questão de agradecer o apoio recebido das nações vizinhas.

“A crise climática nos aproxima rapidamente de um cenário catastrófico. No último ano e meio, vivemos secas históricas na Amazônia, nos Pampas e no Pantanal brasileiro e boliviano, que também padeceram com incêndios nos últimos dias. Há poucas semanas, o Rio Grande do Sul sofreu enormes perdas humanas e materiais com inundações sem precedentes, que também impactaram o Uruguai. Além de agradecer a solidariedade de todos os sócios do Mercosul que ofereceram prontamente os mais diversos tipos de ajuda humanitária, quero fazer um chamado por maior engajamento e ambição climática”, disse o presidente.

Próxima parada

Na sequência da Cúpula do Mercosul, o presidente Lula seguiu, ainda na segunda-feira (8) para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para visita oficial e encontro bilateral com o presidente Luis Arce. É a primeira vez que o presidente brasileiro visita o país neste terceiro mandato. O presidente da Bolívia, por sua vez, esteve no Brasil quatro vezes no último ano, o que reforça a proximidade de laços entre os dois países. Na terça-feira (9), Lula tinha previsto uma reunião restrita com o presidente Luis Arce, seguida por reunião ampliada com autoridades e parte da delegação brasileira.

O Mercosul

O Mercosul foi criado há 33 anos, por meio do Tratado de Assunção e, de acordo ao Protocolo de Ouro Preto, a Presidência pro tempore do bloco é exercida pelos Estados Partes, em rodízio e em ordem alfabética, por seis meses. Ao final da cúpula, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, passou a presidência do bloco ao presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou.

Durante a Presidência do Paraguai, houve 14 reuniões ministeriais em várias áreas, com temas voltados para educação, saúde, justiça, trabalho, cultura, direitos humanos, meio ambiente, turismo, desenvolvimento social e população indígena. Entre as medidas tomadas, também está a criação de comitês, sendo um dos mais importantes o de áreas de controle integrado nas fronteiras.

O bloco econômico atualmente representa o equivalente à 7ª maior economia mundial, com PIB de US$ 2,86 trilhões, e engloba 67% do território da América do Sul. Em 2023, o Brasil exportou US$ 23,56 bilhões para o bloco e importou US$ 17,09 bilhões, com superávit de quase US$ 6,5 bilhões. A maior parte das exportações brasileiras foi composta por produtos industrializados, e as principais mercadorias comercializadas entre os membros do bloco são automóveis, peças automotivas, energia e soja.

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