As últimas pesquisas mostram um quadro inalterado na disputa presidencial, com Lula liderando com folga e a reeleição do líder da extrema-direita cada vez mais difícil. A expectativa de melhoria da economia não conseguiu se reverter em votos para o presidente

 

Neste artigo, trazemos as análises do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo (NOPPE) sobre as pesquisas mais recentes divulgadas pelos institutos. O quadro permanece quase inalterado de acordo com quatro institutos que divulgaram pesquisas de opinião ao longo da última semana. FSB da BTG Pactual saiu na segunda, junto com o Ipec. O levantamento da Quaest saiu na quarta. O Ipespe da XP Investimentos e o Datafolha saíram na quinta-feira.

Algumas dessas pesquisas já conseguiram captar o impacto da maior exposição dos candidatos na televisão. Alguns telejornais fizeram sabatinas e, no último domingo, 28 de agosto, os candidatos melhor posicionados nas pesquisas de intenção de voto se enfrentaram em debate transmitido pela Band.

A disputa eleitoral ainda é marcada pelas medidas (contraditórias) do governo Bolsonaro que tenta melhorar seu desempenho nas pesquisas. Na última semana, o PIB mostrou crescimento de 1,2% e o desemprego baixou, às custas do emprego precário, a quase 9%. É o menor índice desde 2016. Alguns preços caíram, como gasolina, mas outros, como alimentos, subiram. Ao mesmo tempo, em um tema destacado, o Auxílio Brasil, o governo projeta redução para R$ 405 na proposta de lei orçamentária para 2023, contrariando as promessas feitas pelo próprio Bolsonaro.

A melhoria na expectativa da economia não conseguiu reverter o quadro de intenção de votos. Primeiro, porque, como já era sabido, o eleitor se mostra bastante decidido. Todas as pesquisas dão certeza de voto em mais de 75%, e certeza em Lula e Bolsonaro chega a mais de 80%, segundo o Datafolha. E, segundo, porque a rejeição de Bolsonaro voltou a crescer na última rodada — depois de uma sequência de redução. Segundo  o Datafolha, 52% dos eleitores rejeitam o atual presidente, uma diferença de 1 ponto em relação à rodada anterior. A mesma variação foi captada pelo Ipec. Segundo o último levantamento, 47% da população rejeita o candidato do PT — contra 46% da rodada anterior.

Assim, Lula segue à frente em todas as pesquisas, que convergem num patamar que varia entre 43% e 45% da intenção de voto dos eleitores na mostra estimulada, quando o pesquisador apresenta a lista de nomes dos candidatos ao entrevistado.

Já a intenção de voto em Bolsonaro varia mais, de acordo com o instituto. Aqueles que utilizam o método de coleta por telefone dão  entre 35% e 36% de intenção de voto no líder da extrema-direita. Já as que são feitas presencialmente dão 32% a Bolsonaro. Ao final, a distância entre os dois candidatos varia.

As pesquisas com coleta telefônica mostram uma vantagem de Lula sobre Bolsonaro de 7 e 8 pontos percentuais. Já as presenciais dão uma distância de 12 a 13 pontos percentuais, cerca de 50% maior face às anteriores.

Ainda que o cenário seja de relativa estabilidade, é importante chamar atenção para o fato de que essa diferença vem diminuindo ao longo da série histórica. A diferença entre os candidatos que hoje é de 12 pontos, segundo Datafolha de 1º de setembro, era de 15 pontos na rodada anterior de agosto e de 21 pontos, em maio.

O mesmo movimento é captado nas simulações de segundo turno. Em janeiro de 2022, a diferença entre Lula e Bolsonaro era de 29 pontos. O petista tinha 59% da intenção de voto e Bolsonaro 30%. Hoje, a diferença é de 15 pontos: 53% a 38%.

No cenário de segundo turno, 48% dos eleitores de Ciro (PDT) declaram voto em Lula e 27% em Bolsonaro. E 23% anunciam que anulariam. Eleitores de Simone Tebet (MDB) também vão mais para Lula (32%) do que para Bolsonaro (28%). Entre estes, 39% dizem que anulariam o voto se o cenário esse fosse. •

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