Cenário está cristalizado entre Lula e Bolsonaro e 64% já têm certeza de voto. Entre os mais jovens, caiu a avaliação negativa do presidente da República. Problema para o Planalto é o cenário econômico: maiora critica piora na vida

 

 

As pesquisas indicam que a polarização entre os dois principais candidatos à Presidência da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual Jair Bolsonaro (PL), está consolidada. De acordo com o instituto Quaest, 64% dos brasileiros já têm certeza do voto, enquanto 35% ainda podem mudar de opção.

Entre os que preferem que Lula seja eleito, 76% dizem que a escolha é definitiva, enquanto 69% dos que preferem a eleição de Bolsonaro estão certos de sua escolha. Entre os que dizem preferir que nem Lula, nem Bolsonaro ganhem, são 66% os que afirmam que o voto ainda pode mudar.

Este é o mesmo cenário apontado pelo PoderData mais recente. Entre os eleitores que votam em Bolsonaro, há 90% de certeza na escolha. Enquanto 83% dos eleitores de Lula também estão decididos. Entre aqueles que preferem Ciro Gomes (PDT), 62% ainda podem mudar de voto, número que é de 50% entre os eleitores de João Doria (PSDB).

Considerando que, segundo pesquisa Ipespe, são 68% os que dizem ter muito ou algum interesse pelas eleições presidenciais, é possível afirmar que o debate eleitoral está aquecido – e que a maior parte dos brasileiros já tem opção, ou se prepara para fazer uma escolha entre Lula e Bolsonaro.

Os levantamentos realizados pelos institutos apontam que a maioria dos brasileiros percebe a situação econômica como o grande problema do país. Segundo a Quaest, um total de 46% mencionam temas econômicos: crise (17%), inflação (16%) e desemprego (13%).

Somado ao número de brasileiros que apontam a fome (9%) e a desigualdade (2%), há um percentual de 57% do eleitorado preocupado com a conjuntura. Neste sentido, os dados do levantamento mais recente do instituto Sensus ajudam a entender o cenário: para 59% dos eleitores, o país está no rumo errado. E, para 49,1%, houve piora na qualidade de vida. A Sensus mostra ainda que 87,9% têm o sentimento de que foram afetados pela inflação. O levantamento da Quaest trouxe 59% dos brasileiros que também sentiram piora na capacidade de pagar as próprias contas. O dado é significativo. Houve um aumento de 8 pontos percentuais desde janeiro.

Outro dado relevante no cenário pintado pelos institutos é que as pesquisas mais recentes também permitem um olhar sobre os segmentos da sociedade. Entre os mais jovens, é possível perceber um movimento de aumento da aprovação e queda na reprovação ao governo Bolsonaro.

Se outrora os mais jovens eram um dos segmentos que lideravam a taxa de rejeição ao atual presidente, agora encontram-se próximos à média geral. De acordo com a Quaest, 48% desse segmento consideram o governo ruim ou péssimo. Em relação à aprovação, houve aumento de 8 pontos percentuais desde novembro de 2021, chegando hoje a 22% do total.

Do ponto de vista eleitoral, segundo a Quaest, Lula alcança 47% das intenções de voto entre a juventude, contra 30% de Bolsonaro e 6% de Ciro Gomes. Já no levantamento do Ipespe, que utiliza o recorte de faixa etária de 16 anos a 34 anos, Lula lidera com 47% das intenções de voto, mesmo patamar de janeiro, enquanto Bolsonaro tem 24% — aumento de 4 pontos percentuais no mesmo período. Ciro tem 11%, segundo a mesma pesquisa.

Nos artigos anteriores, alertamos aos leitores da Focus Brasil para uma melhora generalizada na avaliação do governo na população. Se outrora os mais jovens se destacavam como grande polo de reprovação ao governo na sociedade brasileira, o cenário atual é diferente – ainda que seja um dos segmentos que menos aprovam o governo.

Bolsonaro tem acenado para os jovens. Ele anunciou medidas de renegociação de dívidas com o FIES e fez discursos direcionados não apenas ao segmento em si, mas aos pais e avós desses mais jovens para que os convencessem de que há coisas boas no governo atual. Embora Lula ainda seja o líder de intenções de voto entre os mais jovens, o governo faz esforços para quebrar sua rejeição nesse público. •

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