Neste artigo, demonstramos que há alta reprovação ao governo federal nas cinco regiões brasileiras, e que isso impacta nos dados de intenção de voto para a presidência da República em 2022. Tratamos de parte destes dados no boletim de número 11 do NOPPE, o Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo .

É evidente a associação entre a alta reprovação a Bolsonaro (sem partido) e a intenção de voto em Lula (PT) no Nordeste. A região já oferecia os maiores índices de reprovação ao governo mesmo antes da pandemia, e hoje é majoritário o sentimento de que o governo Bolsonaro é ruim ou péssimo: mais de 60%, segundo Datafolha, Atlas e Poderdata, e 56% para o instituto Quaest.

Essa reprovação se converte em um patamar altíssimo de intenção de voto em Lula na região. Ela está por volta dos 60% no primeiro turno, segundo as últimas pesquisas Datafolha e Atlas. Os dados mostram a força do ex-presidente Lula no Nordeste brasileiro, e o baixo desempenho de Jair Bolsonaro: a aprovação de seu governo na região é a mais baixa dentre todas as regiões do Brasil, oscilando na faixa dos 20%. O eleitorado do Nordeste representa 27% do total do Brasil, com cerca de 38 milhões de eleitores.

Nordeste é Lula, que vence nas cinco regiões no segundo turno

O governo Bolsonaro também tem altos índices de reprovação no Sudeste, região que possui o maior número de eleitores no Brasil – cerca de 61 milhões, 43% do total nacional.

De acordo com as últimas pesquisas Atlas e Datafolha, a soma dos que avaliam o governo como ruim ou péssimo é de 51% e 56%, respectivamente. Há, no entanto, um número maior de pessoas que aprovam o governo quando comparado ao Nordeste. Notamos uma divergência entre os institutos nos dados de intenção de voto: segundo a última pesquisa Datafolha Lula teria 41% e Bolsonaro 25% no primeiro turno – na pesquisa Atlas são 42% para o atual presidente, contra 34% de Lula. Atlas traz dados que divergem do que outras pesquisas vem mostrando. Pesquisas divulgadas nas próximas semanas podem ajudar a esclarecer essas disparidades.

Na região Sul, terceira maior em número de eleitores (cerca de 20 milhões, quase 15% do total), a disputa parece ser mais parelha: o Datafolha mostra que, no primeiro turno, Lula teria 35% contra 30% do atual presidente; na pesquisa Atlas, seriam 37% para o ex-presidente Lula e 34% para o atual. Tal qual no Sudeste, a aprovação ao governo atingiu cerca de 30%, o que se traduz em patamar semelhante de intenção de votos para Bolsonaro. É nesta região que o desempenho de Lula em primeiro turno possui patamares mais baixos, de acordo com os diversos institutos.

Nordeste é Lula, que vence nas cinco regiões no segundo turno

Já nas regiões Norte (10,7 milhões de eleitores, 7,5% do total nacional) e no Centro-Oeste (10,2 milhões, 7,2% do total), separadas ou agrupadas a depender da pesquisa, há um cenário parecido com o Sul: apesar de patamares relativamente elevados de reprovação, Bolsonaro possui ainda um número considerável de apoiadores e, consequentemente, de intenção de voto no primeiro turno.

Datafolha e Atlas divergem mais uma vez: segundo o primeiro, Lula teria mais votos no primeiro turno – 41% a 35% nas duas regiões agrupadas; para o segundo, a vantagem é de Bolsonaro em ambas as regiões, desmembradas – 45% a 37% no Norte, 43% a 34% no Centro Oeste.

Os dados de segundo turno esclarecem, por outro lado, que há uma diferença entre as três últimas regiões: de acordo com o Datafolha, Lula venceria por uma margem alta tanto no Sudeste, quanto no Norte/Centro-Oeste: 56% a 32%, 52% a 41%, respectivamente. No Sul, no entanto, a disputa seguiria apertada – o ex-presidente teria 44% contra 42% do atual presidente. No Nordeste, Lula venceria por uma margem gigante: 72% a 20%. Isso demonstra que apesar da reprovação ao governo, parte dos eleitores da região Sul votariam em Bolsonaro contra Lula – e que nas outras duas regiões muitos dos que não optam por Lula no primeiro turno, o escolheriam numa disputa somente com Bolsonaro.