2 de Julho na Bahia
“Nunca mais, nunca mais o despotismo/ Regerá, regerá nossas ações/ Com tiranos não combinam/ Brasileiros, brasileiros corações”.
São 198 anos desde que na Bahia ocorreu a expulsão definitiva das tropas portuguesas do território brasileiro, em 2 de julho de 1823. A Bahia foi um palco importante e destacado das guerras por independência no Brasil. Foi onde o conflito durou por mais tempo, e se consolidou a separação política do Brasil em relação a Portugal. A data é feriado pela Constituição Baiana e marca a vitória das tropas locais contra as tropas portuguesas, na guerra travada por mais de um ano e meio na então província.
É forte a tradição do cortejo popular que percorre as ruas de Salvador no dia 2 de julho com carruagens e alegorias, entre o Largo da Lapinha e o Terreiro de Jesus, no Pelourinho, relembrando o final das batalhas e a libertação da pátria. Os personagens, o caboclo, a cabocla do cortejo, são os símbolos populares da luta por liberdade.
Apesar da tradição e da reverência patriótica, no ano de 1998 o povo baiano viu a mudança do nome do principal aeroporto do estado, que se chamava 2 de julho, para homenagear um político integrante das oligarquias do poder. Tal ação descontrói a memória do que é considerado patrimônio histórico da Bahia e é alvo de muitas criticas.
No ano véspera do bicentenário da independência do Brasil, a memória da independência do Brasil na Bahia indica que em 7 de setembro de 1822 uma parte do país não era independente, sendo esta uma data construída oficialmente a posteriori. A construção das lutas por liberdade e soberania instiga o debate sobre o passado e o presente da independência do Brasil da perspectiva das camadas populares, processo este que segue até o momento atual.
Pelo segundo ano consecutivo as ruas de Salvador não estarão lotadas de gente saudando o 2 de julho. Devido à pandemia e às decisões políticas do governo Bolsonaro, que não garantiu vacina e não atuou pela proteção da vida, a saudação à luta dos brasileiros por independência não poderá seguir integralmente a tradição.
Hoje o brado da independência, da luta por liberdade e por vida, é o Fora Bolsonaro.
E como diz o Hino ao 2 de Julho: “Nossa Pátria, hoje livre/ Dos tiranos, não será”.