Encontro, promovido pela FPA em parceria com o PT-AM, reforça uma série de eventos sobre justiça climática na Amazônia

Debate em Manaus aborda desenvolvimento regional e COP 30
crédito: Paulo Moura

Nesta quinta-feira (30), na capital do Amazonas, foi realizado o seminário “COP30 e o Desenvolvimento da Amazônia – Edição Manaus”. O evento reuniu especialistas da pauta ambiental, representantes de movimentos populares e lideranças políticas da região com o foco nas discussões sobre o desenvolvimento local e o desafio global do enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas.

Organizado pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o PT do Amazonas, o painel contou com as exposições da socióloga Marilene Corrêa, professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e diretora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), do deputado estadual Sinésio Campos (PT-AM) e do pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Pedro Silva Barros. A mediação foi de Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.

A abertura da conversa foi feita pelo presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, que detalhou os objetivos da realização dos debates na perspectiva da atuação da FPA como espaço formativo, principalmente, para a militância petista. 

A edição de Manaus é resultado da organização de um grupo de trabalho e estudos e faz parte de uma série de encontros que foram promovidos na região Norte ao longo do ano, além de um seminário virtual com uma programação extensa sobre essa temática. 

“A COP realizada em Belém tem uma simbologia muito grande pra nós, é uma oportunidade de mostrar a Amazônia pro mundo. Nós queremos aproveitar a ocasião para reforçar que o Brasil, que tem uma legislação ambiental avançada, pode, deve e precisa continuar a ajudar o planeta”, destaca Okamotto. 

Em diálogo com a conjuntura política, ele também comentou a atual disputa de ideias na sociedade. “Temos que ter um programa mais ousado, focado e com mais resultado, baseado em propostas para o desenvolvimento e crescimento, no futuro da nossa gente”, diz o presidente da fundação. 

Debate em Manaus aborda desenvolvimento regional e COP 30
crédito: Paulo Moura

Marilene Corrêa trouxe informações sobre o evento “Participação Social na Agenda de Ação COP 30”, em Brasília nos dias 16 e 17 deste mês, que reuniu representações de 283 organizações sociais de todo o território da Amazônia brasileira e mais de 60 conselhos do governo federal.

Promovido pela Secretaria-Geral da Presidência da República, com a participação dos ministros Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia, o fórum foi palco do anúncio de um investimento de R$ 300 milhões para recuperação de áreas degradadas e regularização fundiária da Amazônia. 

A professora abordou os seis eixos do documento unificado pelas entidades, com soluções e propostas, que será apresentado ao presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago. “Há um ponto considerado consenso que é o de triplicar as energias renováveis e dobrar a eficiência energética”, comenta. 

“Saímos da reivindicação apenas da minimização da miséria, agora, os documentos mostram uma maturidade na diversidade de iniciativas da Amazônia, capazes de articular ciência tecnologia e inovação com políticas públicas em benefício da ação climática com justiça social”, afirma Marilene Corrêa.  

O deputado estadual no Amazonas Sinésio Campos falou sobre a situação dos povos originários que vivem nas grandes cidades do Norte do país e a necessidade de políticas públicas específicas voltadas a essas populações, em especial nas frentes de habitação e emprego e renda. Além disso, Campos ressaltou que “a regulação fundiária é fundamental para nós aqui na Amazônia”. 

Autor de leis aprovadas sobre a temática dos resíduos sólidos, o deputado destacou a aprovação da política estadual do Meio Ambiente no ano passado e defendeu uma escuta ativa dos trabalhadores catadores de reciclagem e mais educação climática nas escolas. 

Debate em Manaus aborda desenvolvimento regional e COP 30
crédito: Paulo Moura

Ao analisar a posição do Brasil na Conferência do Clima, que será realizada em breve, em Belém, Pedro Silva Barros opina: “jogar em casa importa”. O pesquisador falou da importância da COP para o multilateralismo como uma política relevante no mundo. “O multilateralismo dá voz aos países”, ressalta. 

O técnico de planejamento e pesquisa do IPEA e conselheiro da Fundação Perseu Abramo apresentou ao público a cartilha intitulada “COP 30 e o Desenvolvimento na Amazônia” construída no âmbito do grupo de trabalho da fundação sobre o tema. 

“Não há oposição entre questões climáticas e desenvolvimento. Esse é o desafio da COP, do Brasil, da Amazônia, compatibilizar vida digna para as pessoas, especialmente as que vivem na região, e ao mesmo tempo preservar e garantir a sustentabilidade da Amazônia e do mundo”, afirma. 

“O que a gente quer é justiça climática, com a floresta em pé e com as pessoas da Amazônia vivendo dignamente, compatibilizar o Meio Ambiente com o desenvolvimento. E as negociações internacionais são fundamentais nesse sentido”, completa Pedro Silva Barros.