Lula em Roma: presidente leva à FAO e ao Vaticano proposta global para erradicar a fome

Em Roma, presidente participou da FAO e de audiência com o Papa Leão XIV, reforçando o engajamento brasileiro no combate à fome e à desigualdade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Roma nesta segunda-feira (13/10) para dois momentos de peso internacional: a abertura do Fórum Mundial da Alimentação 2025, na sede da FAO, e uma audiência com Papa Leão XIV, sucessor de Francisco. Esse encontro pontua a estratégia diplomática brasileira de liderar debates sobre fome, soberania e justiça social.

No discurso de abertura da FAO, Lula ressaltou as conquistas domésticas recentes: “A fome não é fenômeno natural, é escolha política. O Brasil provou que é possível derrotá-la com decisão, investimento e solidariedade. Quando o povo é prioridade, um país muda de patamar.”

Ele lembrou que, desde 2023, 26,5 milhões de brasileiros deixaram a insegurança alimentar grave, segundo dados do IBGE. “Não podemos tolerar que alguém passe fome em pleno século XXI.”

Lula em Roma: presidente leva à FAO e ao Vaticano proposta global para erradicar a fome
“A fome tem solução — o que falta é coragem política para enfrentá-la”, disse Lula após reunião com o Papa Leão XIV no Vaticano Foto: Ricardo Stuckert/PR

Audiência com o Papa Leão XIV

Após a cerimônia na FAO, Lula foi recebido pelo Papa Leão XIV no Vaticano. Em conversa em torno de uma hora, trataram da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza — iniciativa com estrutura global que agora terá secretariado em Roma, escritórios em Brasília, Adis Abeba, Bangkok e Washington.

Durante o diálogo, Lula enfatizou que espiritualidade e políticas públicas precisam caminhar juntas. “O novo Papa representa uma continuidade de compromisso com os mais vulneráveis”, disse o presidente. Também reafirmou a relevância de unir fé, política e mobilização social para que a fome não seja apenas discutida, mas enfrentada.

Brasil e a aliança global

No Fórum da FAO, Lula lançou oficialmente o Mecanismo de Apoio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, instrumento técnico e político para articular projetos de alimentação escolar, agricultura familiar e sistemas sustentáveis. A iniciativa conta com quase 200 membros — 103 países e organizações internacionais — e reforça o Brasil como ator relevante no combate à insegurança alimentar.

“O Brasil ensina que governar é escolher prioridades. Se o Estado prioriza o ser humano, promove dignidade”, afirmou Lula. Ele ainda destacou que “nenhum país é soberano enquanto houver cidadãos que padecem de fome” — frase que ecoou entre diplomatas e representantes internacionais.

O presidente também direcionou críticas ao modelo econômico global. “Não enfrentaremos desigualdade com regras que a perpetuam. O sistema financeiro mundial precisa servir a vida, não à especulação”, disse em tom firme.

A cerimônia coincidiu com a celebração dos 80 anos da FAO. O diretor-geral da organização, Qu Dongyu, elogiou o Brasil como modelo de reconstrução social e combate à pobreza.

“O mundo precisa olhar para o Brasil não só com admiração, mas com vontade de fazer o mesmo. A fome tem solução, o que falta é coragem política para enfrentá-la”, declarou Lula.