Na tentativa de afastar réus da trama golpista, advogados de Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto foram ouvidos nesta quarta-feira; Leia a revista completa

Julgamento de Bolsonaro: 2º dia é marcado por clima menos tenso; saiba mais sobre as estratégias das defesas 
O advogado Celso Vilardi
Foto: Rosinei Coutinho/STF

Da Redação* Colaborou Kriska Karvalho, de Brasília (DF)

Nesta quarta-feira (3), segundo dia do julgamento da ação penal 2668 no Supremo Tribunal Federal, que julga atos antidemocráticos do núcleo 1 (oito acusados), trouxe mais uma rodada de argumentações dos advogados de defesa dos réus. 

A primeira turma da corte, composta por Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux, ouviu e tomou notas das sustentações dos defensores de Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. 

A sessão foi mais curta e marcada por um clima menos tenso do que foi observado no primeiro dia, incluindo um plenário mais vazio em relação à véspera. Os advogados chamados à tribuna foram: Celso Vilardi e José Luis de Oliveira Lima, Matheus Milanez, Paulo Bueno Cunha e Andrew Fernandes. 

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Estratégias da defesa

Entre as defesas, chamou atenção a postura do advogado do general Augusto Heleno, que buscou afastar seu cliente da articulação golpista afirmando que, após a entrada de Bolsonaro no Centrão, Heleno teria sido progressivamente isolado. A estratégia, no entanto, não foi negar a conspiração, mas apenas retirar Heleno do cenário. Em tom irônico, o advogado chegou a acusar o ministro Alexandre de Moraes de atuar como “juiz inquisidor” e duvidou da investigação conduzida pela Polícia Federal.

Na defesa de Bolsonaro, o advogado Celso Vilardi reconheceu que houve atos preparatórios para um golpe de Estado — incluindo a impressão da chamada “minuta do golpe” no Palácio do Planalto e seu envio ao Alvorada —, mas tentou sustentar que tais atos não configuram crime. A argumentação, no entanto, colide com a Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito, que prevê punição para tentativa de golpe.

O advogado do general Paulo Sérgio adotou linha semelhante: admitiu a tentativa de ruptura, mas tentou dissociar o cliente dele, afirmando que o então comandante tentou demover Bolsonaro de “medidas de exceção”. Em sua fala, Andrew Farias arrancou risadas do plenário ao comparar a acolhida dos ministros com a de sua sogra. Já a defesa de Braga Netto insistiu que o processo não passa de uma “narrativa”, desqualificando provas e delações. O advogado chegou a afirmar que, caso condenado a 20 ou 30 anos de prisão, o general não resistiria à pena.

Apesar do tom mais descontraído em alguns momentos, a sessão evidenciou a fragilidade das teses defensivas, que em grande medida não negam a tentativa de golpe, mas buscam diluir responsabilidades individuais.

Congresso busca anistia

Enquanto isso, no Congresso, avança a articulação em torno de uma anistia ampla. Segundo interlocutores, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dito a lideranças do governo que, se houver votos e “clima ambiente”, ele “não vai ter como segurar essa votação da anistia a golpistas”. A oposição afirma já ter os votos necessários. Nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o pastor Silas Malafaia seguem na propagação da ideia.