Livro que resgata a memória da classe trabalhadora está disponível para download gratuito
“Lugares de Memória dos Trabalhadores”, organizado por Paulo Fontes e publicado pela Alameda e Fundação Perseu Abramo, reúne 100 artigos sobre espaços que marcaram a história do movimento operário no Brasil. Leia a revista completa

Publicado em 2024, o livro Lugares de Memória dos Trabalhadores, fruto da parceria entre a Editora Alameda e a Editora FPA, acaba de ganhar uma versão digital gratuita. A obra, organizada por Paulo Fontes, professor do Instituto de História da UFRJ, reúne 100 artigos curtos escritos por especialistas que resgatam a presença da classe trabalhadora em diferentes espaços do país.
Na apresentação, os organizadores ressaltam que “as marcas das experiências dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros estão espalhadas por inúmeros lugares da cidade e do campo. Muitos desses locais não mais existem, outros estão esquecidos, pouquíssimos são celebrados”.
O livro é inspirado na série publicada no portal lehmt.org e busca dar visibilidade à geografia social do trabalho, incentivando uma reflexão sobre como a história e a memória desses espaços são tratadas.
BAIXE AQUI – Lugares de Memória dos Trabalhadores; Organização de Paulo Pontes
Publicação valoriza a geografia social do trabalho e mostra como os espaços marcaram gerações de trabalhadores
Espaços que se tornaram símbolos
Cada texto funciona como uma “biografia” de um lugar associado a protestos, conquistas ou repressões. Praças, fábricas, estádios e portos surgem como marcos da construção da memória coletiva dos trabalhadores. A Focus Brasil selecionou cinco exemplos da obra:
Cais do Porto, Salvador (BA) – O historiador João José Reis mostra como o cais se tornou um centro de resistência. Em 1857, uma greve de trabalhadores portuários, em sua maioria negros, paralisou a cidade.
Estádio de Vila Euclides, São Bernardo do Campo (SP) – John French relembra as greves do ABC, entre 1978 e 1980, que reuniram milhares de metalúrgicos e projetaram Lula como liderança nacional.
Fábrica de Tecidos Aliança, Rio de Janeiro (RJ) – Isabelle Pires narra a greve de 1903, quando centenas de operárias marcharam pelas ruas de Laranjeiras em defesa de melhores condições de trabalho.
Doca da Fortaleza, Macapá (AP) – Sidney Lobato descreve o espaço como vital para trabalhadores informais e comerciantes, até ser apagado pela modernização imposta após o golpe de 1964.
“Federação”, Belo Horizonte (MG) – Raphael Rajão Ribeiro recupera a importância do campo do Clube Inconfidência, ponto de encontro de trabalhadores e espaço de resistência durante a ditadura militar.
Memória viva e acessível
Ao tornar-se acessível gratuitamente para download, Lugares de Memória dos Trabalhadores preserva histórias que, muitas vezes, ficaram à margem das narrativas oficiais. O livro integra as pesquisas do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT-UFRJ), que segue ampliando a compreensão sobre o papel da classe trabalhadora na construção do Brasil.