As investidas dos Estados Unidos contra o Brasil abriram espaço para a unificação das forças progressistas em defesa da soberania, da democracia e da justiça social. Leia revista completa

A esquerda brasileira encontra seu horizonte, por Alberto Cantalice 
Foto: Paulo Pinto Agência Brasil


Os ataques sistemáticos do governo dos Estados Unidos à soberania brasileira trouxeram às forças de esquerda no Brasil uma grande oportunidade: a união de forças populares em defesa do Brasil, de sua democracia e de suas instituições.

Esse movimento aproxima grupos e sedimenta uma atuação uníssona, na mesma intensidade com que o viralatismo de extrema direita segue operando, de forma coordenada, em todo o mundo – e já se veem movimentações parecidas em outros países em relação aos desmandos de Trump.

Não é nenhuma novidade, na história brasileira, a subordinação de agentes que operam a política e o mercado aos ditames de Washington. 

Juracy Magalhães, que foi Ministro da Educação e Cultura no governo João Goulart, em plena ditadura militar, chegou ao ponto de proferir a pérola máxima do complexo de vira-lata que lhes acomete: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. 

Ainda nesse período, o embaixador e posteriormente político Roberto Campos foi alcunhado de “Bob Fields”, hoje reconhecidamente um verdadeiro vassalo da Casa Branca.

América Latina no alvo

A partir do início dos anos 1960, os EUA reeditaram uma versão da Doutrina Monroe, formulada em 1823 pelo ex-presidente James Monroe. A medida recolocou a América Latina, na prática, como uma espécie de protetorado norte-americano.

Essa guinada intencionista teve como motivador a Revolução Cubana, em 1959, escalando na região a lógica da Guerra Fria, erigindo o espantalho do comunismo e conflagrando o continente – espantalho que ainda hoje paira no discurso da direita e da extrema direita sempre que eleições presidenciais se aproximam em países latino-americanos.

No caso brasileiro, ficou como exemplo de ingerência o financiamento do antigo Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), entidade de fachada cujo aporte de milhões de dólares irrigou as candidaturas de direita e extrema direita nas eleições parlamentares de 1962, para formar maioria e emparedar o governo do presidente João Goulart.

Já é por demais conhecida a presença norte-americana nos movimentos que deram origem à série de ditaduras militares implantadas na região. Entretanto, é a primeira vez que uma tentativa de intromissão em assuntos brasileiros parte diretamente do ocupante da Casa Branca.

Antes velada, a aplicação do tarifaço de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil, imposta por Trump, além de uma perversão das orientações da Organização Mundial do Comércio (OMC), que regula o comércio entre países, ofende o direito internacional ao tentar ameaçar o funcionamento do Judiciário brasileiro.

Unificando vozes em defesa do Brasil

As ofensas à soberania nacional unificaram amplos setores da sociedade brasileira e impulsionaram setores da esquerda a saírem do estado de observação para a ação, com destaque para a pauta da justiça tributária, que tomou conta do debate nas redes pela taxação dos super-ricos – medida proposta pela Fazenda do governo Lula 3.

A disputa por essa medida de justiça social já havia levado a uma grande mobilização e ganhou nova tração com a defesa da independência nacional.

Esse conjunto de fatores deverá acirrar as disputas eleitorais de 2026, tendo como foco a Presidência da República e as cadeiras do Senado Federal.
Até lá, haverá um longo caminho a percorrer, certamente com adversidades provocadas pelos quinta-colunistas, os traidores internos, incrustados em setores da sociedade brasileira. 

Farão de tudo – e mais um pouco – para dificultar a caminhada das forças progressistas e a reeleição do presidente Lula.

Será posta em funcionamento a proliferação de fake news em escala industrial, agora com o potencial da produção de conteúdo por inteligência artificial capaz de replicar até rostos e vozes. É hora de unidade e coragem para avançar!