Enquanto o ex-presidente dos EUA pediu a suspensão do julgamento de Bolsonaro e atacou o STF em carta pública, Lula foi à TV denunciar a interferência estrangeira, defender as instituições brasileiras e criticar políticos que apoiam sanções ao país

Da Redação, com informações da Agência Brasil e do Palácio do Planalto

Após carta de Trump em defesa de Bolsonaro, Lula afirma que ataque ao Brasil é “chantagem inaceitável” em pronunciamento
Na noite de quinta-feira (18), o presidente Lula foi à TV rechaçar a ofensiva norte-americana

Na quarta-feira (17), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou uma carta aberta em defesa de Jair Bolsonaro, chantageando a Justiça e a soberania do Brasil.

No documento, afirmou que o julgamento conduzido pelo STF é “terrível e injusto” e pediu sua suspensão imediata. Acusou o Brasil de viver sob um “regime de censura” e declarou estar “observando de perto” a situação do aliado.

A carta foi recebida por autoridades brasileiras como uma tentativa explícita de interferência nos assuntos internos do país e um gesto de deslegitimação das instituições democráticas. O texto também reforça a atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior, que vem defendendo a tarifa de 50% imposta por Trump aos produtos brasileiros e pressionando parlamentares norte-americanos contra o Judiciário brasileiro.

Lula responde em rede nacional e denuncia articulação externa
Na noite de quinta-feira (18), o presidente Lula foi à TV rechaçar a ofensiva norte-americana e denunciar as pressões sobre o Brasil como uma “chantagem inaceitável”. Segundo o presidente, o governo brasileiro tentou por meses estabelecer diálogo com os EUA para negociar a questão tarifária, mas foi surpreendido com retaliações e ataques às instituições.

“Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, afirmou Lula.

Ele também criticou duramente a atuação de políticos brasileiros que colaboram com a retaliação internacional. “Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo”, declarou.

O contexto se agrava em meio à repercussão da operação da Polícia Federal que impôs novas medidas contra Jair Bolsonaro, incluindo tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar e restrições de contato com representantes estrangeiros — um gesto visto como resposta direta à tentativa de instrumentalização externa contra a Justiça brasileira.