Gigantes da tecnologia atuam no Brasil ao lado da ultradireita e desequilibram a disputa comunicacional com fake news e extremismo

Extrema direita foca domínio absoluto das redes em parceria com as big techs, por Alberto Cantalice
Foto: Pixabay

Alberto Cantalice 

O que antes era propalado como especulação, teoria da conspiração, teve sua materialização no recente encontro dos “ativistas digitais” do PL, em Fortaleza. A presença de diretores do Google e da Meta demonstra cabalmente a preferência das gigantes das novas mídias em solo brasileiro.

Dominantes dos algoritmos, o pêndulo para um dos lados do espectro político pelas gigantes da tecnologia desequilibra a noção de democratização da informação, impondo o predomínio dos divulgadores de fake news, do negacionismo e da defesa do ultraliberalismo sem quaisquer amarras ou controle social, promovido pelo extremismo direitista.

Já era suspeita a velocidade com que ganham as redes os vídeos mentirosos do deputado Nikolas Ferreira e as postagens da pregação golpista e antinacional de Eduardo Bolsonaro. Hoje, está evidente: a mão amiga dos barões trumpistas por trás dessa avalanche midiática.

O banditismo digital, sob inspiração do “mago” da desinformação Steve Bannon, ganhou o mundo. Vem produzindo razias nos Estados democráticos, trazendo como subprodutos o racismo, a xenofobia, o supremacismo, a LGBTfobia, entre outros males.

Ao agir assim, criam um caldo de cultura onde o real e o imaginário confundem as cabeças, produzindo uma espécie de distopia coletiva, ferindo de morte as perspectivas de cidadania. O elogio da meritocracia e do individualismo é amalgamado pela profusão de fundamentalismos de caráter religioso, cujo centro de atuação não é mais o exercício da fé, e sim uma releitura dos textos bíblicos sem amparo nos ensinamentos de Jesus Cristo e seus discípulos, onde o elogio da guerra relembra os tenebrosos tempos das cruzadas de Torquemada e Savonarola.

O sentido do capitalismo de plataforma é o lucro sem amarras ou tributação. Para isso, é necessário ter como aliado principal Donald Trump, cujos arreganhos autoritários assustam a sociedade norte-americana e causam estranhamento em seus parceiros europeus.

No caso do Brasil, a resistência democrática a essa vaga conservadora e reacionária não pode ficar apenas sob responsabilidade do Poder Judiciário. É pouco.

É necessário que as forças democráticas e progressistas se conscientizem do risco que estamos correndo e busquem construir na cidadania um repúdio coletivo a essa patranha.

Ao Partido dos Trabalhadores, visto como o inimigo a ser abatido, passou da hora de colocarmos a disputa comunicacional como prioridade central do Partido.

A luta será titânica!