Plenária, marcha e encontro com Lula consolidam mobilização nacional das centrais sindicais, que entregaram pautas prioritárias ao presidente e aos Três Poderes, com foco em justiça fiscal, jornada de trabalho e valorização da renda

Mobilização nacional sindical marca Brasília e fortalece agenda da classe trabalhadora
Centrais sindicais realizam marcha dos trabalhadores pela Esplanada dos Ministérios Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Nesta terça-feira (29/4), milhares de trabalhadoras e trabalhadores de todo o país tomaram as ruas de Brasília em uma mobilização nacional que reafirmou a força do movimento sindical e o compromisso com uma agenda concreta por mais justiça social. 

Organizada pela CUT, Força Sindical, Intersindical e demais centrais, a Marcha da Classe Trabalhadora teve como pontos altos uma plenária com ministros de Estado, uma caminhada pela Esplanada e a entrega formal das reivindicações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O documento traz, documento que traz, entre outras reivindicações urgentes, a redução da jornada de trabalho sem redução salarial; o fim da escala 6 x 1; a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos, pautas que ganham força nas ruas e nas redes sociais entre trabalhadores. Leia aqui a íntegra do documento. 

Mobilização nacional sindical marca Brasília e fortalece agenda da classe trabalhadora
O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com dirigentes das centrais sindicais, realizado no Palácio do Planalto. Walter Campanato/Agência Brasil

Além dos presidentes das centrais sindicais, participaram da agenda em Brasília o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffmann; o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo; e o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

A entrega da pauta unificada foi o ponto culminante da mobilização realizada nesta terça-feira (29), que reuniu milhares de trabalhadoras e trabalhadores de todas as regiões do país. Organizados pela CUT, demais centrais e entidades sindicais filiadas — entre confederações, federações e sindicatos —, os participantes iniciaram o dia na Plenária da Classe Trabalhadora e, em seguida, ocuparam a Esplanada dos Ministérios em marcha até o Palácio do Planalto.

Reivindicações unificadas e compromisso com o povo

Durante a manhã, a plenária nacional realizada pelas Centrais em Brasília definiu os eixos principais da pauta: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, o fim da escala 6×1, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos. Essas propostas foram entregues ao presidente Lula no fim da tarde, em encontro no Palácio do Planalto que também contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Luiz Marinho (Trabalho), entre outros.

“Nenhum direito que a classe trabalhadora tem caiu do céu. Foi com muita mobilização e luta. Precisamos reeleger o nosso presidente Lula, que é o grande pai da classe trabalhadora no Brasil”, disse Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, ao reafirmar que a luta sindical está diretamente conectada ao projeto democrático e popular encabeçado pelo governo.

O ministro Márcio Macêdo destacou que o governo federal está afinado com as centrais. “A isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil foi proposta dos trabalhadores que o presidente Lula encampou, assim como a valorização do salário mínimo, do serviço público e da redução da jornada. Estamos do mesmo lado da história”, declarou.

Luiz Marinho reforçou a centralidade do debate sobre distribuição de renda e geração de empregos. “A menor taxa de desemprego da nossa história foi alcançada, mas é preciso continuar crescendo, com mais empregos e salários. A mobilização dos trabalhadores é fundamental para isso”, afirmou.

Mobilização nacional sindical marca Brasília e fortalece agenda da classe trabalhadora
O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presiência, participou, nesta terça, da PLenária da Classe Trabalhadora, em Brasília Foto: Agência Gov

Protagonismo social, político e de gênero

O ato também reforçou o papel da luta popular nas ruas e da pressão sobre o Congresso Nacional. As centrais anunciaram a construção de um plebiscito nacional para que a população opine sobre três temas: a redução da jornada de trabalho sem corte de salários, o fim da escala 6×1 e a justiça tributária. “É a largada de um processo nacional de escuta e mobilização”, afirmou Milton dos Santos Rezende, o Miltinho, da CUT.

A luta das mulheres trabalhadoras teve destaque. Amanda Corcino, da secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT, enfatizou que a redução da jornada tem impacto direto sobre as mulheres, que acumulam trabalho formal e o cuidado com o lar. “É mais tempo para cuidar de si, militar e trazer mais mulheres para a política”, disse. Nilza Pereira, da Intersindical, reforçou que a pauta do cuidado precisa ser incorporada como direito trabalhista e humano.

Outro ponto relevante foi o chamado à justiça ambiental. A pauta entregue a Lula também inclui a formulação de uma Política Nacional de Transição Justa, com desenvolvimento socioambiental e enfrentamento às mudanças climáticas.

A deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) qualificou a luta contra a escala 6×1 como abolicionista. “Há pouco mais de 100 anos, a escravidão era formal. Hoje, querem manter uma lógica de exploração. Estamos aqui para dizer: chega!”, disse. Ela cobrou o relator do projeto de isenção do IR, deputado Arthur Lira (PP-AL), pela tramitação do texto enviado por Lula ao Congresso: “São 140 mil bilionários pagando mais impostos para beneficiar 10 milhões de trabalhadores.”

Presença política reforça articulação entre partido e movimento

O presidente nacional do PT, senador Humberto Costa (PE), também esteve presente na marcha e fez questão de frisar o papel do partido como parte integrante dessa luta. “Vimos o Brasil crescer além das previsões. O PIB sobe, a renda dos mais pobres aumenta, e a desigualdade recua. Isso é fruto da política de valorização do trabalho e do salário mínimo”, declarou. O senador defendeu com ênfase as pautas da jornada e da justiça fiscal e conclamou a esquerda a cerrar fileiras no Congresso e nas ruas.

O encerramento da mobilização com a entrega da pauta aos chefes dos Três Poderes marca um novo momento de articulação entre trabalhadores organizados, lideranças políticas e o governo federal. Com sintonia nas propostas e disposição para o diálogo, a Marcha da Classe Trabalhadora mostrou que a mobilização é permanente e que os próximos passos serão decisivos para transformar as reivindicações em conquistas concretas.