Conflito será tema de debate na Fundação Perseu Abramo nesta quarta-feira (30)

Há 50 anos: entenda por que o Vietnã venceu a guerra contra os Estados Unidos
Foto: Bruce Crandalls/Wikimedia Commons


A Fundação Perseu Abramo realiza, nesta quarta-feira (30), o debate “1975-2025: Cinquenta anos da derrota dos Estados Unidos e da reunificação do Vietnã”, com exposição de Natália Mello, comentários de MAO (José Rodrigues Mao Júnior) e coordenação de Valter Pomar.

Antes do evento, a revista Focus apresenta alguns dos principais motivos que confirmam a vitória do país asiático sobre a potência bélica norte-americana.

No dia 30 de abril de 1975, a cidade de Saigon, atual Ho Chi Minh, então capital do Vietnã do Sul, foi capturada pelo Exército norte-vietnamita e pelos vietcongues. Era o fim da Guerra do Vietnã e o início de um processo de transição para a reunificação do país sob regime comunista.

Mas antes disso já havia indícios de que a investida dos Estados Unidos não seguia conforme o planejado. Em 1973, após a assinatura dos Acordos de Paz de Paris, os EUA se comprometeram a retirar todas as suas tropas do Vietnã. A retirada, sem que o Vietnã do Sul estivesse realmente estabilizado, foi interpretada como uma vitória para o Vietnã do Norte.

Ao fim do conflito, o Vietnã do Norte alcançou seu objetivo estratégico: reunificar o país sob um regime comunista, criando a atual República Socialista do Vietnã, o que contrariava diretamente os interesses dos EUA, que buscavam conter a expansão do comunismo na região.

A chamada “Teoria Dominó”, segundo a qual a queda do Vietnã do Sul ao comunismo provocaria uma reação em cadeia em outros países da Ásia, também não se concretizou em larga escala. A vitória vietnamita, assim, expôs os limites do poder militar e da influência política dos Estados Unidos.

Impacto na sociedade e na política americana

A Guerra do Vietnã deixou marcas profundas nos Estados Unidos: milhares de mortes, uma sociedade dividida, descrédito nas instituições políticas, como demonstrado pelo escândalo de Watergate, e uma política externa mais cautelosa nas décadas seguintes. O chamado “síndrome do Vietnã” mostrou que o esforço militar e o sacrifício humano não foram suficientes para evitar a derrota, o que confirmou o triunfo vietnamita.

Os protestos contra o conflito começaram ainda no início dos anos 1960, com estudantes, pacifistas e ativistas pelos direitos civis. À medida que o envolvimento militar americano se intensificava, especialmente após 1965, o movimento contra a guerra cresceu exponencialmente.

Esses protestos influenciaram a opinião pública e pressionaram o governo. O apoio popular à guerra caiu drasticamente ao longo dos anos 1960 e início dos anos 1970. Isso forçou o governo Nixon a adotar a chamada “vietnamização”, a redução gradual das tropas americanas, e a negociar os Acordos de Paris.