Governo Tarcísio é denunciado à OEA por morte de senagalês
Denúncia internacional cobra responsabilidade do governador Tarcísio de Freitas e secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, pela execução do ambulante senegalês Ngange Mbaye, destacando retrocessos nas políticas de controle policial e a crescente violência institucionalizada no estado de São Paulo

O brutal assassinato do ambulante senegalês Ngange Mbaye, executado por um policial militar no centro de São Paulo, foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA. Mais de 70 organizações da sociedade civil e movimentos negros pedem urgência na investigação, exigindo responsabilização do governador Tarcísio de Freitas e do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.
A denúncia destaca retrocessos no controle da atividade policial, como a suspensão do uso obrigatório de câmeras corporais em viaturas e agentes da PM, o que, segundo as entidades, favorece a impunidade e aumenta a violência nas abordagens. “A ausência desse mecanismo de monitoramento contribui diretamente para a impunidade”, afirmam os movimentos.
A deputada estadual Thainara Faria (SP) se manifestou nas redes sociais, exigindo justiça: “a polícia de Tarcísio fez mais uma vítima”. Mbaye, que tinha uma família com a companheira grávida de sete meses e dois filhos pequenos, foi assassinado enquanto se preparava para um chá de bebê no final de semana. A família aguarda respostas das autoridades, e o advogado Adriano Santos, da Comissão de Segurança Pública da OAB de São Miguel Paulista, afirmou: “Vamos buscar todos os direitos que eles tiverem.”
O caso também mobilizou protestos. No último sábado (12), imigrantes senegaleses e outros grupos realizaram uma manifestação pacífica no Brás, que terminou em repressão policial com o uso de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Moradores da região relatam um clima de medo e insegurança após o crime.
Embora se apresente como um gestor técnico, Tarcísio de Freitas adota uma política de segurança autoritária e repressiva, desmontando políticas públicas essenciais, como o monitoramento das ações policiais. Para as entidades, a violência se tornou um projeto do governo, evidenciado pela falta de ações para combater a necropolítica em curso.
O assassinato de Mbaye precisa ser um marco não apenas para as instituições de direitos humanos, mas também para a sociedade brasileira. A omissão e o silêncio não podem ser respostas à violência. A morte de um trabalhador desarmado e imobilizado exige uma resposta à altura, proporcional à gravidade do crime.
A representação apresentada à OEA em dezembro de 2024 denuncia uma escalada de violência institucional, com ações desproporcionais da Polícia Militar de São Paulo, especialmente contra a população negra, periférica e imigrante. Com a morte de Mbaye, as organizações cobram a responsabilização das autoridades estaduais. O documento afirma: “Este assassinato é mais uma expressão da violência institucionalizada pelas forças de segurança pública de São Paulo, sob o comando do governador Tarcísio de Freitas e do secretário Guilherme Derrite”.