Em visita ao Japão, Lula busca fortalecer o comércio bilateral, com ênfase na ampliação das exportações de carne e na cooperação em energia limpa e infraestrutura logística

Lula no Japão busca ampliação das exportações de carne 
Ricardo Stuckert / PR

Após ser recebido oficialmente pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako no Palácio Imperial, em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira, 25 de março, de um encontro com empresários brasileiros ligados à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). O principal objetivo da reunião foi tentar abrir o mercado japonês ao setor. Ao final, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) falaram a jornalistas.

Lula destacou que espera convencer o Japão das coisas boas que o Brasil tem para negociar. “Tenho o interesse de, em todas as viagens que fizer, levar empresários, deputados, gente que possa vender. O presidente, o que ele faz é abrir a porta. Mas quem sabe fazer negócio são vocês, não o presidente nem o deputado”, frisou dirigindo-se aos representantes da ABIEC.

Ele lembrou que o fluxo comercial entre Brasil e Japão chegou a 17 bilhões de dólares e atualmente está na casa dos 11 bilhões. “Significa que, de pronto, a gente tem seis bilhões para recuperar nessa visita”, afirmou Lula. “Obviamente que comércio exterior é via de duas mãos. A gente tem que vender e a gente tem que comprar”, completou o presidente brasileiro.

Pontos estratégicos da missão

Energia limpa: A missão também busca ampliar negócios com o Japão em setores estratégicos, como o aeronáutico e o relacionado à transição energética.

“Estamos percebendo o crescimento da transição energética com o hidrogênio verde, com energia limpa, e o Brasil está dando um salto de qualidade na questão do etanol. Estamos pensando em elevar para 30% a mistura, tanto da gasolina quanto do biodiesel, e vamos conversar com o primeiro-ministro (do Japão, Shigeru Ishiba). Se o Japão usar 10% de etanol na gasolina, será um salto extraordinário, não apenas para que a gente exporte, mas para que eles possam produzir no Brasil”, destacou Lula, lembrando que nesta quarta-feira haverá um encontro com centenas de empresários dos dois países.

Mercado da carne: Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o objetivo da reunião com a ABIEC é avançar na abertura do mercado japonês, especialmente para carne bovina brasileira. 

“Nossas indústrias estão aptas a atender às exigências sanitárias e comerciais feitas pelo Japão. O ajuste nos protocolos sanitários de aves e o reconhecimento do Brasil livre de febre aftosa sem vacinação para mais alguns estados amplia também o mercado de carnes suínas, o que é muito importante, pois o Brasil é competitivo”, ressaltou Fávaro. Ele lembrou que o processo de negociação para exportar carne bovina para o Japão já dura mais de 20 anos.

Logística: Para o ministro dos Transportes, Renan Filho, um dos pontos-chave para expandir a capacidade de exportação do Brasil é o fortalecimento da infraestrutura logística. “Nós, ministros da área de infraestrutura, estamos aqui para dizer que toda essa transformação do setor produtivo precisa ter condições logísticas para exportar.” 

O ministro destacou que o Brasil exporta a preços mais baixos que outros países. “Enquanto o Brasil tem um custo para produzir uma arroba de carne e exportar por 55 dólares, os Estados Unidos têm um custo superior a 100 dólares”, pontuou Renan Filho. “Se é importante quem exporta energia ou minério, imagine quem tem capacidade de exportar o que as pessoas comem. E essa é a potência do Brasil, além de outras qualidades, uma potência ambiental, uma democracia sólida e reconhecida internacionalmente”, concluiu o ministro.

O presidente Lula cumpre agenda no Japão até o dia 26 de março. Em 2024, o Japão foi o terceiro maior parceiro comercial do Brasil na Ásia e o terceiro maior destino de exportações brasileiras para a região, com um intercâmbio comercial de US$ 11 bilhões e superávit de US$ 148 milhões.