Lançamento ocorreu nesta segunda (24) na sede da FPA com participação das autoras e exposição de material histórico da legenda  

Livro 'Feminismo e o PT' faz panorama das lutas das mulheres dentro e fora da partido 
Fotos: Sergio Silva/FPA

A Fundação Perseu Abramo, em parceria com a editora Hucitec, lançou nesta segunda-feira (24) o livro “Feminismo e o PT: trajetória e desafios políticos”, obra que apresenta um panorama completo das lutas das mulheres que vão além da atuação ocorrida dentro maior partido de esquerda da América Latina.

O evento, realizado na sede da FPA e transmitido ao vivo pelo YouTube, contou com a participação das autoras Eleonora Menicucci (presidente do Conselho curador da Fundação Perseu Abramo, socióloga e ex-ministra-chefe da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres), Fernanda Estima (jornalista e editora da Revista Teoria e Debate); Luiza da Costa (Feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres), Silmara Conchão (professora do Centro universitário da Faculdade de Medicina do ABC – FMABC) e Tatau Godinho (militante do movimento de mulheres e autora de artigos sobre feminismo). 

Foi um desafio muito grande, pois foi construído a partir de muitas trajetórias. É um livro coletivo, feito por muitas mulheres, algumas delas presentes aqui neste evento. Acredito que este é um trabalho que terá impactos positivos na luta das mulheres, pois rememora fatos importantes ocorridos nas últimas décadas. Mas ainda há muito a se fazer, por isso estamos discutindo um segundo volume. Queria agradecer todas as mulheres que participaram deste trabalho e que fazem a luta feminista dentro de suas vidas, afirmou Eleonora.

Um dos pontos primordiais do livro é reunir artigos que retratam a participação e a força das mulheres para ocupar mais espaços na sociedade e fazer avançar as pautas feministas. A obra foi produzida integralmente por mulheres e todos os textos são de autoras feministas que têm envolvimento com a causa. 

Antes das falas das autoras (leia os depoimentos abaixo), o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, exaltou o papel das mulheres na história do Partido dos Trabalhadores. “As mulheres tiveram um papel muito importante na construção do nosso partido. Quando vamos para os nossos diretórios, em cidades grandes ou pequenas, conseguimos ver de perto o trabalho realizado por cada uma delas. Um livro como este é uma reflexão importante de tudo que já fizemos em termos de construir políticas para as mulheres para o Brasil,e consequentemente para todo o Brasil”.

Quem compareceu presencialmente no lançamento, pôde conferir também uma projeção de imagens de materiais e documentos – como cartazes e camisetas – usados em ações e manifestações ao longo da jornada descrita no livro. Estes itens foram selecionados pela equipe do Centro Sergio Buarque de Holanda, depositário de itens que contam a história de 45 anos do PT. 

“O Centro foi importante para a pesquisa deste livro e para a seleção dos itens expostos aqui e para ajudar a relembrar que esse partido desde a década de 1990 já era composto por 30% de mulheres, depois em 2011 garantiu a paridade, elegeu a primeira mulher presidenta do país. O partido, portanto, tem a sua história ligada à luta das mulheres”, declarou Ellen Coutinho, diretora do CSBH.

Coleção

Com o livro “Feminismo e o PT: Trajetórias e desafios políticos”, a Fundação Perseu Abramo inaugura a Coleção Nalu Faria, que presta uma homenagem à psicóloga, ativista, militante petista e construtora do feminismo dentro do partido. Nalu foi dirigente da Marcha Mundial das Mulheres e integrou o Conselho Curador da Fundação entre 2012 e 2020. Ela faleceu em outubro de 2023.

Depoimentos das autoras do livro

Eleonora Menicucci: 

“O livro traz um ponto super importante que são a trajetória e os desafios. Quando colocamos desafios é para ressaltar que a trajetória não foi fácil, mas conseguimos fazer com que a pauta avançasse, sobretudo na questão das políticas públicas para as mulheres. Esses desafios também podem mudar de tom, mas eles continuam presentes. A luta das feministas, a nossa luta, não é fácil numa sociedade patriarcal, racista, machista. Felizmente o PT tem feito muito por essa luta. Sem o partido a pauta feminista não teria avançado na esquerda.” 

Fernanda Estima: 

Este livro tem a tarefa de manter a chama do feminismo acesa entre nós. E se a gente defende que o nosso partido é o maior da América Latina ele ainda precisa trabalhar para ser o maior partido feminista da América Latina. Trata-se de um trabalho cujo resultado vem de um esforço coletivo. Foram muitas horas de tarefas, reuniões, debates, reuniões e com o apoio permanente do Centro de Memória e Documentação Política Sérgio Buarque de Holanda. O nosso grupo se formou a partir de um chamado da Eleonora Menicucci para fazer o livro nascer e conseguimos. 

Luiza da Costa: 

Com esse documento é possível ter um retrato do que era a luta das mulheres no cotidiano partidário (…) É importante assinalar que um dos desafios que se apresentam nos dias atuais é a necessidade de uma ampla e democrática reforma política que altere a situação de desigualdade que o atual sistema político perpetua para que dessa forma possam ser construídas condições para o exercício da democracia e da igualdade para mulheres e as pessoas negras. É um desafio que hoje é muito forte para nós. 

Silmara Conchão:

Cresce a importância do nosso livro o fato de termos que falar com mulheres, ter que ouvir as mulheres para materializar esta história porque o tempo vai passando e a memória precisa ser preservada (…) A gente conseguiu falar dessas histórias que representam um combate corajoso em que várias de nós estiveram à frente dessa batalha. (…) É importante deixar claro também que lutamos tanto pela participação das mulheres na política, mas precisamos de uma formação que seja também feminista. Então, temos que agradecer a existência do nosso partido, sim. Foi com ele que renasci feminista e estou na luta até hoje. 

Tatau Godinho: 

“O feminismo no PT nasceu, desde os seus primeiros passos, de uma proposta militante. Uma proposta de organização política. É muito importante a gente ter relembrado neste livro que o feminismo do PT nasceu junto com as lutas populares de combate à ditadura, de resistência à organização conservadora do Brasil e de formação do PT. É um orgulho saber que o partido nasceu já com a necessidade de fazer a luta feminista (…) O fato é que a ideia de um feminismo militante, de esquerda, sempre esteve vinculado à ideia de que ser um partido feminista não podia se contrapor às lutas da classe trabalhadora”