Brasil e Colômbia se mobilizam após deportação de brasileiros; Honduras convoca reunião emergencial da CELAC sobre migração
Após a deportação de brasileiros pelos EUA, Brasil, Colômbia e Honduras tomam medidas urgentes em defesa dos direitos dos imigrantes e discutem soluções para a crise migratória na CELAC
O governo colombiano, através do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, anunciou na segunda-feira, 27/01, que um avião da Força Aérea Colombiana partiu de Bogotá com equipe médica a bordo para a cidade de San Diego, nos EUA, para repatriar 110 colombianos. Um segundo avião teria partido para Houston, Texas.
A decisão de enviar a aeronave foi tomada pelo presidente Gustavo Petro após o desembarque de brasileiros deportados pelos EUA e transportados para Manaus algemados e acorrentados pelos EUA. Ao tomar conhecimento do fato, o presidente Lula determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até Belo Horizonte, destino final do grupo, de modo a garantir que completassem a viagem com dignidade e segurança.
A atitude do governo colombiano, ao priorizar o bem-estar de seus cidadãos, se opõe diretamente à crueldade das práticas imperialistas dos EUA, que não hesitam em tratar seres humanos como números, ignorando os direitos mais básicos.
A secretária de Comunidades Brasileiras no Exterior e Assuntos Consulares e Jurídicos do Ministério das Relações Exteriores, Márcia Loureiro, reuniu-se na segunda-feira, 27/01, em Brasília, com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para tratar sobre a deportação de brasileiros no último fim de semana, informou a Agência Brasil.
Trump assume e inicia caçada aos imigrantes indocumentados
A administração Donald Trump foi rápida em começar a cumprir sua principal promessa de campanha: perseguição aos imigrantes indocumentados que vivem no país que, segundo Trump, “comem gatos e cachorros”. As palavras de Trump refletem o desprezo da administração dos EUA pelos direitos humanos e pela dignidade das pessoas que buscam uma vida melhor.
Na quinta-feira, 24/01, o governo da presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, afirmou que se opõe às ações “unilaterais” de Trump para implementar padrões de imigração mais restritivos — incluindo a restauração da política “permanecer no México“, que obriga os migrantes a permanecerem naquele país enquanto aguardam a decisão sobre seus pedidos de asilo.
A postura do México, assim como a da Colômbia, é um reflexo de um novo bloco de resistência latino-americana contra a imposição de políticas migratórias imperialistas dos EUA. O continente se une na luta por uma política migratória mais justa e humana, longe dos interesses egoístas que dominam a Casa Branca.
O grupo de Advogados pelos Direitos Humanos na América denunciou que uma ordem executiva do governo norte-americano interrompeu abruptamente o uso do aplicativo de smartphone CBP One por parte dos requerentes de asilo. Ao longo de dois anos, o aplicativo permitiu que mais de 936.500 pessoas em território mexicano agendassem atendimentos nos portos de entrada da fronteira entre os EUA e o México. Desde julho de 2023, a média de agendamentos era de cerca de 1.450 por dia. Pouco mais de 190.000 pessoas foram deportadas para o México de janeiro a novembro de 2024, de acordo com dados do governo, representando cerca de 17.200 por mês.
Essas atitudes são uma clara violação dos direitos humanos e da dignidade dos imigrantes, principalmente em um contexto de políticas externas baseadas na supremacia e controle do território alheio.
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, em resposta a um usuário da rede TikTok, disse que “é importante que vocês (imigrantes) saibam que não estão sozinhos e que nós (no governo) estamos fazendo tudo o que podemos para acompanhá-los” no exterior, especialmente nos Estados Unidos.
A posição de Arévalo é parte de uma nova liderança latino-americana que se opõe ao abuso dos EUA sobre os países da região, ao se colocar firmemente ao lado dos imigrantes e suas necessidades legítimas.
Honduras convocou uma reunião urgente de líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) para quinta-feira, 30/01, em sua capital, Tegucigalpa, para discutir questões de migração.
O que é a CELAC?
A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) é uma organização regional que reúne 33 países da América Latina e do Caribe com o objetivo de promover a integração e o desenvolvimento social, político e econômico entre os países da região. A CELAC foi criada em 2010 e busca fortalecer a cooperação multilateral entre os membros, abordando temas como migração, meio ambiente e direitos humanos. Honduras, atual presidente pro tempore da CELAC, convocou uma reunião emergencial da entidade para discutir questões de migração, um tema central nas recentes tensões políticas envolvendo os EUA e outros países da região.
Com informações de comunicados oficiais