Ex-PMs recebem sentenças de 78 e 59 anos por duplo homicídio e tentativa de homicídio contra assessora de Marielle

Ex-PMs recebem sentenças de 78 e 59 anos por duplo homicídio e tentativa de homicídio contra assessora de Marielle
O atentado contra uma mulher negra eleita democraticamente, em 2016, escancarou o modus operandi de uma política suja que não aceita ver mulheres em postos de destaque

Após dois dias de julgamento, o 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Lessa, apontado como o autor dos disparos, recebeu uma pena de 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Queiroz, que dirigiu o carro usado no crime, foi condenado a 59 anos e 8 meses. Ambos foram responsabilizados por duplo homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio contra a assessora de Marielle, Fernanda Chaves, e pela receptação de um carro clonado usado na execução.

A juíza Lúcia Glioche destacou a gravidade do crime e a perda irreparável para as famílias das vítimas. Em um discurso contundente, afirmou que a justiça para Marielle e Anderson seria que o crime nunca tivesse ocorrido, mas reforçou que, mesmo com sua lentidão, a Justiça chega para os culpados. Além da prisão, Lessa e Queiroz foram condenados a pagar pensão até os 24 anos ao filho de Anderson, Arthur, e a indenizar as famílias das vítimas por danos morais.

A condenação representou uma vitória simbólica para os familiares e amigos de Marielle, uma vereadora negra, eleita em 2016, conhecida pela defesa dos direitos humanos e das minorias. Marinete da Silva, mãe de Marielle, classificou a decisão como histórica, lembrando as dificuldades enfrentadas para alcançar essa etapa. “Depois de 6 anos, 7 meses e 17 dias, podemos dizer que a impunidade não será a regra para o caso de Marielle”, declarou, emocionada.

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, afirmou que este é um primeiro passo na busca por justiça, mas que a luta pela memória de Marielle e contra a violência política e racial continua.