Presidente destacou a importância da cooperação entre os países do BRICS para enfrentar desigualdades e desafios climáticos

Lula reafirma compromisso do BRICS com a justiça social e a luta contra a pobreza
Presidente Lula participou da Cúpula do BRICS no dia 24/10 por videoconferência Foto: Reprodução

Em seu discurso na cúpula do BRICS na quarta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou sua satisfação em se dirigir aos líderes do grupo, ainda que à distância. O presidente iniciou sua fala agradecendo o apoio dos membros do BRICS à presidência brasileira do G20, afirmando que esse respaldo é “fundamental para avançar em iniciativas que são cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos.”

Lula ressaltou o papel das políticas sociais implementadas nas últimas décadas, que podem servir como modelo global: “Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas que podem servir de exemplo para o resto do mundo.”

O presidente também abordou a urgência da crise climática, destacando que “a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje.”

Em tomo duro, reiterou a necessidade de ação coletiva para enfrentar os desafios climáticos e convocou os países emergentes a contribuírem para limitar o aumento da temperatura global: “Devemos mostrar que é possível conciliar maior ambição em nossas Contribuições Nacionalmente Determinadas com o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.”

Lula enfatizou, ainda, que o BRICS é essencial na luta por um mundo mais justo e menos assimétrico, afirmando que “não podemos aceitar a imposição de ‘apartheids’ no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia.”

O presidente também defendeu a criação de meios de pagamento alternativos para transações entre os países do bloco, afirmando que “não se trata de substituir nossas moedas, mas de trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional.”

Discurso na íntegra

Discurso lido e transmitido para a Sessão Plenária Aberta da Cúpula do BRICS, realizada em Kazan (Rússia), no dia 23 de outubro de 2024

Mesmo sem estar pessoalmente em Kazan, quero registrar minha satisfação em me dirigir aos companheiros do BRICS. Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20.

Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são cruciais para a redução das desigualdades, como a taxação de super-ricos.

Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas que podem servir de exemplo para o resto do mundo.

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões.

Convido todos a se somarem à iniciativa, que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes.

O BRICS é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima.

Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje.

É preciso ir além dos 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos, e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos. 

Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes.

O planeta é um só e seu futuro depende da ação coletiva.

Também cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio.

Na COP 30, em Belém, vamos juntos mostrar que é possível conciliar maior ambição em nossas Contribuições Nacionalmente Determinadas com o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.

Na presidência brasileira do BRICS, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países.

Não podemos aceitar a imposição de “apartheids” no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da Inteligência Artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos.

Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prepondere sobre interesses privados.