Além de São Paulo, com Boulos, PT concorre em 4 capitais no segundo turno
Em São Paulo, o candidato a prefeito do PSOL Guilherme Boulos, com a candidata a vice-prefeita Marta Suplicy, chegou ao segundo turno, apesar da chuva de fake news. Em todo o país, quatro candidatos petistas disputam o segundo turno em capitais
No domingo, 6 de outubro, cerca de 150 milhões de brasileiros foram às urnas escolher os próximos prefeitos, prefeitas e vereadores e vereadoras dos 5.568 municípios brasileiros, mas em 52 cidades a decisão ficou para o segundo turno, no dia 27 de outubro.
Nas cidades com mais de 200 mil eleitores, as prefeitas de Contagem, Marília Campos (PT), e de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), foram reeleitas para mais um mandato.
Em todo o país, o Partido dos Trabalhadores fez 248 prefeituras, sem contar ainda as disputas de segundo turno. Em 2020, foram 183, ao todo, um aumento de 35 prefeituras, sem contar o segundo turno.
Nas capitais, 11 prefeitos foram eleitos no primeiro turno, incluindo Eduardo Paes (PSD), campanha que contou com enorme empenho do presidente Lula (PT), eleito com 60,47% dos votos, derrotando o bolsonarista Alexandre Ramagem, que obteve 30,81% dos votos.
“Bolsonaro, que escolheu seu candidato, o Ramagem, que foi seu chefe da arapongagem, não conseguiu levá-lo para o segundo. E Eduardo Paes, que esteve nesse campo democrático, com o apoio do presidente Lula, ganha a eleição no primeiro turno. Julgo isso de grande importância para o campo democrático, progressista, popular”, comentou a presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann.
As deputadas federais Maria do Rosário (PT-RS), em Porto Alegre, e Natália Bonavides (PT-RN), em Natal, e os deputados estaduais Evandro Leitão (PT), em Fortaleza, e Lúdio Cabral (PT), em Cuiabá, estão na corrida do segundo turno. Além das candidaturas petistas, há as apoiadas pelo partido, que totalizam 13 candidaturas com ainda em disputa.
“Nós já tínhamos avaliado que iríamos nos sair melhor do que saímos em 2020, que foi uma eleição muito difícil para nós. Aliás, a eleição de 2016 foi difícil, a de 2020 foi difícil e agora a de 2024 mostra um processo de reconstrução do PT no processo eleitoral local, o que é muito importante”, avalia a presidente da sigla.
Segundo turno de muita luta
O Líder do PT no Senado, Humberto Costa, destacou que a legenda ainda concorre a mais 13 prefeituras (número bom, né?) no segundo turno. “Já governaremos mais cidades no país”, apontou.
“O Partido dos Trabalhadores elegeu não só elegeu mais prefeitos, como ajudou candidaturas democráticas – que venceram ou estão no páreo – em diversas cidades do país”, fez questão de ressaltar o Senador. O PT se aliou também a João Campos (PSB), que foi reeleito prefeito do Recife no primeiro turno, com 78,11% dos votos válidos.
“O PT sai maior deste primeiro round da disputa eleitoral. Vencemos em 251 prefeituras e já superamos as 183 que fizemos na última eleição. Agora, vamos seguir a luta e reforçar o time de Lula em todo o Brasil no segundo turno”, completou.
São Paulo pede mudança
O destaque do segundo turno nacional é a maior cidade do país, São Paulo, que levou a chapa de Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), com 29,6% dos votos válidos, à disputa pela prefeitura com Ricardo Nunes (MDB), 29,49%, que tenta reeleição.
O candidato aventureiro da rodada, o ex-coach goiano Pablo Marçal (PRTB) ficou em terceiro lugar, com 28,14% dos votos – recebeu um total de 1.719.274 de votos dos paulistas. O candidato, que disputou o voto bolsonarista, tumultuou o pleito desde o anúncio de sua candidatura, protagonizando cenas que marcaram essas eleições novamente com uso de mentiras e redes de desinformação. Marçal saiu derrotado e acumulando um total de 105 processos judiciais decorrente de ofensas, desinformação e agressões, o que equivale a dois crimes eleitorais apontados por dia de campanha
Em seu primeiro discurso após a divulgação dos percentuais de votação, Boulos agradeceu os mais de 1,7 milhão de votos, traçou os perfis da sua candidatura e de seu opositor, abriu diálogo com os que não votaram nele e se disse confiante na vitória.
“Confio muito na decisão do povo de São Paulo que vai optar pela mudança, e essa mudança que hoje foi majoritária nas urnas estará representada no segundo turno por mim e pela Marta Suplicy. É isso que vai dar em jogo. Quero aqui reafirmar esse compromisso, vamos ganhar essa eleição e vamos, a partir de primeiro de janeiro do ano que vem, governar para toda a cidade de São Paulo”, ressaltou.
Para atingir seu objetivo, Boulos se dirigiu àqueles que optaram por outro candidato. “Do lado de lá, temos um candidato apoiado por Bolsonaro, um candidato que acredita que Bolsonaro fez tudo certo na pandemia, um candidato que no primeiro turno se colocou contra a vacina, que acredita que o 8 de Janeiro foi apenas um encontro de senhoras, não uma tentativa de golpe”, disse ele.
As declarações do candidato foram reforçadas por Marta Suplicy, ex-prefeita cuja gestão é avaliada pelos paulistanos como a melhor em 40 anos.
“Ontem, em SP, demos um importante passo: levamos o Boulos ao segundo turno e isso é uma vitória. Mostra que realmente SP quer mudança e reprova a gestão do atual prefeito. Porém, nossa caminhada ainda não terminou”, disse a petista, na rede social Bluesky.
“Para fazermos a melhor mudança, precisamos que o Boulos vença o segundo turno e seja o próximo prefeito de SP. Há uma ameaça real em SP e não podemos ter um prefeito despreparado e que representa a má política”, acrescentou.
Ainda no pronunciamento após o resultado do primeiro turno, ao anunciar que vai governar com metade das secretarias da Prefeitura de São Paulo comandadas por mulheres, Boulos disparou contra o oponente, que tem trajetória de agressões contra a esposa.
“Do lado de lá tem alguém que precisa responder e esclarecer sobre agressão contra a mulher, violência física e psicológica. É isso que vai estar em jogo nas próximas três semanas”, disse ele.
Empenho do PT
A presidenta do PT Gleisi Hoffmann se disse otimista em relação ao segundo turno em São Paulo e descartou que o eleitorado do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado na disputa, esteja automaticamente inclinado a votar em Nunes.
“Temos que ir buscar os votos que foram para o Marçal, não dá para dar de barato que esses são votos da extrema direita. A gente tem ali voto de uma juventude que atua nas redes, de um pessoal que pensa diferente, e eu acho que o Boulos tem condições, muito bem, de dialogar também com o setor aí que esteve com o Pablo”, indicou Gleisi.
Denúncias contra oponente
Ao expor e esmiuçar as denúncias contra seu oponente, Boulos traça uma estratégia caracterizada como “um aceno maior para o eleitorado da centro-direita, principalmente o apoio de Tabata Amaral”, destacou o site BBC em matéria publicada neste domingo (6).
Nunes é alvo de investigações no Ministério Público de São Paulo, diz a BBC, que apuram se o atual prefeito teria beneficiado aliados em contratos da prefeitura. Num deles, a prefeitura teria repassado R$ 7 milhões, mesmo após decisão judicial que dizia que a prefeitura não era obrigada a fazer o pagamento, informou a BBC.
A matéria cita ainda que a Polícia Federal pediu abertura de inquérito para investigar a relação de Nunes com duas empresas envolvidas no esquema da “máfia das creches” quando era vereador, e movimentou R$ 1,5 bilhão entre 2016 e 2020.
Em agosto o Uol publicou denúncias de superfaturamento em um contrato de compra de água e alimentos para a população em situação de rua, com diferença de preços de mais de 400%.
Na campanha de 2022, Boulos foi o deputado federal mais votado em São Paulo e segundo mais votado do país, com 1.001.453 de votos. Nas redes sociais, ele expressou sua fé na vitória em 2024.
“Estamos no segundo turno e vamos vencer as eleições. Muito trabalho pela frente agora! São Paulo merece muito mais!”, escreveu Boulos em suas redes sociais após o anúncio do resultado na noite de domingo (6).