Jovem ativista sediada em Edimburgo, Escócia, apresentadora do Brasil 247, teve morte cerebral no dia 27. Colegas de profissão prestaram homenagens e presidente Lula e a primeira dama, Janja da Silva, lamentaram o ocorrido 

Falecimento de Nathália Urban provoca comoção nas redes
Reprodução/X

A jornalista brasileira Nathália Urban faleceu aos 36 anos após um acidente em Edimburgo, na Escócia, onde vivia desde 2015. Desde 2021, atuava como correspondente do Brasil 247, apresentando os programas “Globalistas” e “Veias Abertas” e colaborava com os sites Jacobina e Brasil Wire.

Natural de Santos, Nathália passou a infância sob os cuidados de sua mãe e avó, enfrentando desafios que lhe despertaram um feminismo precoce. Mudou-se para João Pessoa, na Paraíba, onde, inspirada por um professor de ensino médio, interessou-se por revoltas populares e pela história da América Latina. “Ele me apresentou tudo, minha primeira paixão foi Canudos, ele me ensinou tudo sobre as revoltas populares” disse em uma entrevista ao Brasil 247.

Iniciou sua formação acadêmica em antropologia, cursou ciências sociais mas sob a influência da avó, migrou para o jornalismo e concluiu o curso na PUC de Santos. Após o falecimento da mãe e da avó, duas grandes influências em sua vida, decidiu migrar para Londres com seu primeiro marido, de quem adotou o sobrenome.

Nathalia relatou em diversas oportunidades sua decepção com a experiência em solo londrino. Vítima de preconceito pelo fato de ser mulher imigrante e latina, soube que a Escócia poderia ser um país mais acolhedor. Mudou-se com o então marido para Glasgow e depois para Edimburgo. Ao descobrir a luta escocesa pela independência do imperialismo britânico, ela decidiu permanecer no país.

Após a eleição de Bolsonaro, ela passou a contribuir com o Brasil Wire em matérias onde denunciou as relações entre Bolsonaro e o governo britânico.

Conseguiu alguma inserção na mídia progressista escocesa, mas dizia que a cobertura política é um “clube fechado onde todos se conhecem”. Nathalia criticava o comportamento da mídia local ao não ser reconhecida como analista de política e por não receber convites para este tipo de trabalho. 

Repercussão 

Colegas do canal 247 prestaram muitas homenagens. Hildegard de Angel destacou que a mídia progressista, nacional e internacional, estava de luto, enquanto Renato Rovai, da Revista Fórum, lamentou a perda de uma “jovem extremamente talentosa”. Os sites Jacobina e Brasil Wire escreveram editoriais ressaltando sua dedicação.

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu pesar pela rede social Blue Sky, destacando a importância de esclarecer as circunstâncias de sua morte. A primeira-dama Janja da Silva, também manifestou seu pesar.

A mídia escocesa repercutiu a publicação de Lula. Jeremy Corbyn, que também conhecia a jornalista, disse ao jornal Edinburg News que ela era uma jornalista “destemida e seu falecimento é uma tragédia e me entristece profundamente” e que apoiava o pedido do presidente Lula por esclarecimentos.

Nathalia havia escrito em seu perfil do X no dia 23, dois dias antes do acidente, que estava à procura de trabalho para não acabar sem teto e que estaria aceitando “qualquer coisa”.  Ela escreveu ainda que jamais tinha estado tão deprimida em sua vida.

A embaixada do Brasil em Edimburgo está acompanhando o caso. Os órgãos de Nathália foram doados, como era seu desejo. O corpo será sepultado em São Paulo. 

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