‘Esse é um chamado de muita responsabilidade’, diz Macaé Evaristo, nova ministra dos Direitos Humanos
Na última segunda-feira, o presidente Lula nomeou Macaé Evaristo como nova ministra de Direitos Humanos e Cidadania. Professora desde os 19 anos, Macaé tem uma trajetória dedicada à defesa da educação pública
O presidente Lula nomeou, na última segunda-feira (9), a mineira Macaé Evaristo como a nova ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania de seu governo. O ato já foi oficializado em publicação no Diário Oficial da União do mesmo dia. A posse da nova ministra deve acontecer na próxima semana.
A nomeação de Macaé Evaristo, que é deputada estadual em Minas Gerais pelo Partido dos Trabalhadores, é um movimento rápido em meio à gestão de uma crise, uma resposta do presidente Lula ao país.
O Brasil todo digeria ainda as acusações de assédio sexual envolvendo o ex-ministro Silvio Almeida, que ocupava a pasta que agora será comandada por Macaé.
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O caso acalorou a conversa nas redes sociais, suscitando o debate sobre relações de poder, machismo e assédio. Inflamadas, as redes abrigam divergências acaloradas sobre o tema, delicado por todo o contexto – que envolve o alto escalão do poder em Brasília, ministros de estado e a discussão racial em torno da questão.
A assertiva sequência de ações de Lula, diretamente liderando a gestão de crise, deu ao governo a estabilidade necessária para lidar com o turbilhão de acontecimentos.
Direto ao ponto, Lula agiu de forma não corretiva, mas com mudança de rota: que siga a investigação e siga o governo. Nomeou Macaé Evaristo, deputada estadual pelo PT de Minas Gerais, para comandar a pasta dos Direitos Humanos. Com a nomeação de Macaé, o PT ganha mais uma pasta no governo.
A escolha de uma mulher preta neste contexto denota enorme sensibilidade política e social do presidente Lula, que evidencia sua resposta rígida contra qualquer tipo de, até mesmo rumor, assédio e importuno sexual – nem mesmo a suspeita deve ser aceita. E escolher Macaé Evaristo comprova o compromisso do governo federal com a condução séria, técnica e preparada de políticas públicas concretas.
O presidente Lula fez o anúncio pelas redes sociais. “Hoje convidei a deputada estadual Macaé Evaristo para assumir o ministério dos Direitos Humanos e Cidadania”, publicou. “Ela aceitou. Seja bem-vinda e um ótimo trabalho.”, completou o presidente.
Professora desde os 19 anos, Macaé é graduada em Serviço Social, além de mestre e doutoranda em Educação. Tem uma trajetória dedicada à defesa da educação pública. Em Minas, ela foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária municipal de Educação, de 2005 a 2012, e de secretária estadual da área, de 2015 a 2018. Entre 2013 e 2014, foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação.
“É com muita honra que aceitei, nesta segunda-feira, o convite do presidente Lula para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania”, disse Macaé. “Nosso país tem grandes desafios e esse é um chamado de muita responsabilidade. Temos muito trabalho pela frente e sigo esperançosa, com o compromisso de uma vida na luta pelos direitos”.
Entenda o caso
Na última semana, o agora ex-ministro Silvio Almeida foi demitido por Lula após ter tido seu nome envolvido em acusações assédio sexual e assédio moral. O caso já está sendo investigado. O ex-ministro Silvio Almeida nega as acusações.
O caso veio à tona após a coluna assinada pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, ter revelado que havia uma série de denúncias reunidas contra o ministro pela organização Me Too Brasil, cuja missão, segundo página oficial é a de “apoiar vítimas de violência sexual a romperem o silêncio”. A organização frisa, em nota, que não publicizou o nome de nenhuma vítima.
Ao tomar conhecimento dos fatos, o presidente Lula determinou, imediatamente, uma investigação da Controladoria Geral da União (CGU).
“Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, no início da noite desta sexta-feira (6), o presidente Lula decidiu pela demissão do titular da Pasta de Direitos Humanos e Cidadania”, diz a nota publicada pelo Planalto no dia 6 de setembro. “O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual”.
A ação rápida de Lula também determinou que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República iniciasse procedimento preliminar para esclarecer os fatos. A Polícia Federal abriu de ofício um protocolo inicial de investigação sobre o caso.
Rápida resposta
A crise enfrentada em Brasília teve, desde o início, a imediata atenção de Lula, que estava em viagem quando os fatos foram publicados pela imprensa. Ainda cumprindo agenda em Goiânia (GO), o presidente declarou, em entrevista a uma rádio local que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”. Entretanto, disse que dará o direito de Almeida se defender.
“É preciso que a gente permita o direito à defesa, a presunção de inocência, o direito de se defender. Vamos colocar a Polícia Federal, o Ministério Público, a Comissão de Ética da Presidência da República para investigar”, disse o presidente.
No mesmo dia, o presidente também recebeu a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco que, segundo a publicação do Metrópoles, seria uma das vítimas. Em nota, a ministra disse que “não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência”. Não há confirmação por parte da ministra do envolvimento de seu nome como vítima.