Conheça Gabriel Galipolo, economista indicado por Lula à presidência do BC
Caso aprovado, o atual diretor de Política Monetária pode assumir o comando da autarquia a partir do próximo ano
Ventilada há meses pela imprensa, saiu a aguardada indicação do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. O presidente Lula anunciou a decisão na quarta-feira (28). Seguindo o rito, a aprovação da indicação de Galípolo deve acontecer em setembro, após sabatina realizada no Senado. Caso aprovado, assume o cargo em 1º de janeiro de 2025.
Galípolo tem sido constantemente elogiado por Lula, sobretudo durante os impasses entre a cúpula econômica do governo federal com o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, escolhido por Jair Bolsonaro em 2019. Campos Neto tem sido apontado como uma espécie de herança do governo anterior, ainda operando na lógica econômica de outro projeto, o que tem dificultado as negociações para reduzir a taxa básica de juros (Selic) do país, hoje em 10,5%.
Menino de ouro
Além de carregar enormes expectativas por parte de Lula, o economista também agrada o mercado financeiro por ser conhecido como “heterodoxo moderado”, ou seja, que não costuma apostar em mudanças radicais na condução de políticas monetárias.
“O Galípolo é um menino de ouro, se tem um menino de ouro é o Galípolo, competentíssimo, de uma honestidade ímpar, então, obviamente que ele tem todas as condições para ser presidente do BC, mas eu nunca conversei com ele [sobre isso]” disse o presidente Lula no final de junho sobre o indicado.
Gabriel Muricca Galípolo, 42, é ligado ao governo federal por meio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Mas a relação começou bem antes, quando se tornou conselheiro econômico da campanha eleitoral de Lula, em 2021.
Depois, o economista fez parte da equipe de transição do governo. Após a posse, virou homem de confiança e “número dois” de Fernando Haddad ao assumir o posto de secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Chegou ao Banco Central em 2023.
Galípolo assumiu o cargo de diretor de Política Monetária, sendo o primeiro nome indicado por Lula ao BC. Apesar de divergir pouco da postura do atual presidente, Galípolo tem postura mais flexível e deve ser um grande aliado do governo na autarquia.
Campos Neto joga contra o Brasil
O maior embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central durante a sua terceira gestão tem causa, nome e sobrenome: a postura política de Roberto Campos Neto.
Foram muitas as ocasiões em que Lula deixou claro a sua insatisfação com a autarquia, sobretudo pelo fato de Neto “trabalhar para prejudicar o país”. “Um presidente do BC que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, disse o presidente.