Eleições: FPA lança cartilha para facilitar diálogo com evangélicos
Material tem como público-alvo lideranças e militantes do PT e surge às vésperas das Eleições Municipais
Um dos grandes desafios dos partidos progressistas tem sido ampliar o diálogo com a população evangélica, estimada em mais de 40 milhões de pessoas é fundamental para definir o rumo das eleições em todo o país.
Foi pensando nisso que a Fundação Perseu Abramo (FPA) decidiu lançar a Cartilha Evangélica: Diálogo nas Eleições, material que surge na esteira do site destinado a ampliar o trabalho de base do Partido dos Trabalhadores, também publicado recentemente.
No caso da Cartilha Evangélica, que está disponível para download no site da FPA, a ideia é apresentar a lideranças políticas e militantes detalhes sobre como conversar com os cristãos evangélicos do país, apresentando dados sobre a realidade desta camada da população.
Para manter a coerência e conseguir resultado ainda mais eficiente, a cartilha foi feita pelo Grupo de Trabalho Inter Religioso da FPA, que conta com membros de diversas vertentes evangélicas.
“Recebemos esta importante “encomenda” do Partido dos Trabalhadores para refletir sobre este tema que forma a nossa cultura brasileira. Reunimos um grupo de lideranças especialistas evangélicas para entender como dialogar com o segmento o compreendendo como um público diverso e plural, inclusive politicamente. O PT conta com evangélicos desde o seu nascimento, a proposta do Partido tem tudo a ver com os ideias cristãos e deixamos isto na cartilha que tem como objetivo aperfeiçoar o nosso diálogo” , afirmou o presidente da FPA, Paulo Okamotto.
Uma das sugestões apresentadas pela cartilha é para não tratar os evangélicos como se fossem todos iguais, para tentar evitar o mau rótulo atribuído a eles por parte da esquerda. Outro ponto interessante é estatístico: a maior liderança das famílias periféricas é uma mulher negra e evangélica, perfil que sempre apoiou governos progressistas, mas que tem se identificado também com representantes da extrema-direita.
Bíblia e fundamentalismo
Muito se fala sobre como os evangélicos interpretam textos da Bíblia mas quase ninguém ou ninguém mostra disposição para dialogar com eles a partir deste ponto. Na cartilha, a sugestão é para que se use outras interpretações da Bíblia para iniciar a conversa e apresentar suas ideias.
Na Cartilha também há um recado claro para não tratar todos os evangélicos como fundamentalistas religiosos. Segundo o texto, os evangélicos gostam de mostrar a sua fé e se reunir para cantar e orar numa demonstração de fortalecimento comunitário que deve ser elogiado. “Permitir a expressão religiosa sempre que não desrespeite o Estado Laico demonstra a compreensão de que o PT e sua militância apoiam a liberdade de culto praticada por outra pessoa”, diz a cartilha.