Esquerda retoma o protagonismo eleitoral na América Latina
Alberto Cantalice
A acachapante vitória eleitoral da ex-prefeita da Cidade do México, Cláudia Sheinbaum, indicada sucessora pelo atual Presidente Andrés López Obrador, pela coligação Sigamos Fazendo História e liderada pelo Partido Movimiento de Regeneración Nacional- Morena, é um grande alento para as forças de esquerda e centro-esquerda na região. Principalmente pós-ressaca eleitoral na Argentina com a vitória do indefectível Javier Milei, no último pleito, e do “playboy” Daniel Noboa, no Equador.
Profundamente identificada com o governo Amlo, como é mais conhecido o atual presidente mexicano, Sheinbaum é a primeira mulher a presidir o país em toda a história. Ambientalista, assumirá com a responsabilidade de levar o México para a transição energética. Assunto que constou em sua plataforma de governo com destaque.
Tendo os Estados Unidos como principal parceiro comercial, o Estado mexicano é imediatamente atingido pela crise imigratória na fronteira do Texas, além de ser a porta principal da entrada de drogas ao país vizinho. O maior mercado consumidor de drogas ilícitas do mundo. A disputa por esse mercado recrudesce a luta entre facções criminosas (os famosos carteis), fazendo o México enfrentar índices altíssimos de mortes e violência.
Outro sinal que aponta no horizonte é a provável vitória da Frente Amplio, no Uruguai.
Ainda em processo de prévias internas nos partidos, a Frente nas recentes pesquisas abre uma diferença entre 4 e 5 pontos da atual coalizão governista liderada pelo Partido Nacional de Centro-direita. No front interno, a Frente de Esquerda realizou uma disputa interna entre a atual Prefeita de Montevidéu Carolina Cosse, e o ex-Prefeito da província de Canelones, Yamandú Orsi.
Lideranças da Frente Amplio como o ex-Presidente José Mujica, tem se esforçado apesar do câncer em que está sendo acometido, para manter a unidade à despeito da disputa interna.
Ilha de prosperidade em meio a grande miserabilidade que compõe o panorama dos países latino-americanos, o Uruguai após a ascensão da centro-direita de Lacalle Pou do Partido Nacional e a aplicação de um programa profundamente neoliberal, viu aprofundar-se a pobreza e a miséria no país.
E os EUA?
Porém, a grande expectativa eleitoral de 2024 é sem sombras de dúvidas o pleito Norte-americano. A recente condenação de Donald Trump nas 34 imputações que foram feitas pela Procuradoria pode e deve mexer no tabuleiro eleitoral. O apoio de Joe Biden ao genocídio israelense na Palestina, afastou largos setores-principalmente entre os jovens- do apoio ao Partido Democrata. Fato que leva Biden a pressionar o governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu pelo cessar-fogo.
Na última segunda-feira um dos principais artífices do progressismo nos Estados Unidos, Bernie Sanders declarou em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo: “Tenho dito há muitos meses que Israel tinha o direito de se defender do ataque terrorista do Hamas.(…) Mas Israel não tinha direito de ir à guerra total contra o povo Palestino. (…) É um desastre humanitário com centenas de milhares de pessoas enfrentando fome. Minha visão tem sido de que não devemos dar mais dinheiro para este governo israelense extremista de direita.
Em outro trecho, o senador por Vermont e apoiador de Joe Biden diz sobre Trump: “ (o governo Trump) seria extremamente perigoso, draconiano e provavelmente muito pior do que seu primeiro mandato. Acho que ele seja um homem raivoso. Ele não acredita nos fundamentos da democracia, no Estado de Direito. Estou muito preocupado com sua reeleição e o que isso significaria para o povo americano…A eleição de Trump seria um desastre.
As forças democráticas brasileiras também estarão atentas aos pleitos na Venezuela, na União Europeia e na Inglaterra. A respeito dessas eleições o Presidente Lula disse em sua rede social no X: “Nossas regiões estão ameaçadas pelo extremismo político, pela manipulação da informação, pela violência que ataca e silencia minorias. O processo de renovação política na União Europeia se aproxima. Em poucos dias as 720 vagas do Parlamento Europeu estarão em disputa. A vitalidade da democracia é fundamental no momento em que vivemos. Para vencer o totalitarismo será preciso unir os democratas”, asseverou Lula.
O avanço da extrema-direita e de qualquer solução à la Milei e sua disfuncionalidade é péssimo para o desenvolvimento e aprofundamento da democracia.
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