Carta ao Leitor, por Alberto Cantalice

Ao manter nossa taxa de juros descontada a inflação em 6,75%, o Banco Central garroteia a economia: herança de Guedes e Bolsonaro no BC - Marcos Corrêa - PR
Ao manter nossa taxa de juros descontada a inflação em 6,75%, o Banco Central garroteia a economia: herança de Guedes e Bolsonaro no BC – Foto: Marcos Corrêa/PR

Mesmo nas principais economias capitalistas onde o Banco Central exerce autonomia de fato e de direito, não há o pressuposto de engordar o capital rentista pela imposição de aumento estratosféricos das taxas de juros. As taxas praticadas ou orientadas nos Estados Unidos pelo Federal Reserve ou pelo BCE da Europa, são muito menores do que as praticadas aqui no Brasil.

É sabido que o volume dívida/PIB em quase todas as grandes economias suplantam em muito o percentual dívida/PIB no Brasil. Nos EUA, por exemplo, a dívida está em 120% do PIB. Na zona do euro, 90%.

No caso brasileiro a nossa dívida pública líquida, pois exclui-se das contas as reservas cambiais, aplicadas em título do Tesouro americano, gira por volta de 60% do PIB. Os juros escorchantes praticados pela atual diretoria do Banco Central-cuja maioria dos diretores foi herdada pelo governo Lula do desgoverno anterior-espetam um dispêndio de 700 bilhões-ano, só de juros.

Ao manter nossa taxa de juros descontada a inflação em 6,75%, o Banco Central garroteia a economia, dificulta o crescimento e a geração de empregos, além de manter no alto o desembolso do governo prejudicando o investimento.

O economista norte-americano Michael Hudson, professor na Universidade do Missouri, e estudioso das dívidas públicas mundiais, disse recentemente: “O aumento do serviço da dívida (juros e amortizações) desvia os gastos de bens e serviços, encolhendo a economia e, assim reduzindo o investimento e novas contratações”.

É lamentável ver o Brasil com a segunda maior taxa de juros do mundo. Atrás só da Rússia, país que está enfrentando uma guerra e tem parte de seus ativos financeiros congelados mundo afora.

Fica cada vez mais claro que o compromisso da maioria da atual gestão do BC é com os ganhos do mercado, não com o crescimento e muito menos com o pleno emprego. O presidente do Banco disse recentemente: “A preocupação vem quando as empresas não conseguem contratar, e você tem que começar a subir o salário para o mesmo nível de produção”. Essa defesa clara do arrocho salarial feita por Campos Neto, nos faz lembrar do avô Roberto Campos, conhecido pelo apelido de Bob Fields, dada a sua vinculação com os EUA, na época da ditadura.

Não dá mais para a sociedade brasileira continuar a sugar o sangue do seu povo para alimentar e beneficiar o capital especulativo.

O Brasil pode muito mais!

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