Evento foi realizado na noite de segunda-feira (13) na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP)

Já era de se esperar que um encontro com figuras da grandeza de José Dirceu e Luiz Eduardo Greenhalgh fosse marcado por grandes histórias. E, se o tema for os 60 anos do início da Ditadura Militar no Brasil, difícil e fazê-los encerrar a conversa.

Ambos foram convidados para um encontro com o público para celebrar a edição especial da revista Teoria e Debate na noite desta segunda-feira (13) na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

Além do ex-ministro e do advogado, estiveram presentes o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, o diretor de Comunicação Alberto Cantalice e a editora da revista Fernanda Estima.

Em sua fala, José Dirceu contou porque resolveu escrever sobre as Forças Armadas. “É muito importante lembrar que nem todos os militares brasileiros sempre foram conservadores e alinhados com os Estados Unidos. Havia muitos exemplos de militares alinhados com as pautas progressistas. Isso só começou a se tornar irreversível a partir do golpe, quando viram uma casta de privilégios. Com Bolsonaro, eles ganharam de volta o poder na política”.

Dirceu ainda lembrou que “toda a industrialização do país surgiu a partir da troca feita por Getúlio que enviou soldados para 2ª Guerra em troca de auxilio para desenvolver o país”, mas que hoje “as forças armadas precisam passar por uma grande reforma, sobretudo para impedir que se envolvam na política”.

Já Luiz Eduardo Greenhalgh, que advogou para presos políticos, lembrou, entre outras histórias, de quando trabalhou para que Lula e seus companheiros de cela pudessem ter alguns pequenos privilégios na sede do DOI-CODI. “Lula me ligou e pediu para ir até a prisão urgentemente. Perguntei se tinha acontecido alguma coisa e ele insistiu que não. Fui correndo para lá. Chegando já me pediram para falar com o delegado Romeu Tuma. Ele me perguntou, ‘doutor, você me pediu para que eu deixasse eles jogarem bola. Eu deixei. Pediu para que eu deixasse que assistissem televisão. Eu deixei’. Agora me explica o que é isso aqui”, disse o delegado, apontando para um abaixo-assinado feito por funcionários do presídio pedindo aumento salarial. Lula já os havia conquistado.

As histórias deixaram o público bastante entusiasmado e, ao final, todos ainda repetiram em coro o lema “Ditadura Nunca Mais”. A versão online está disponível aqui.

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