Com as enchentes no RS, Lula volta a alertar para a crise do clima
Alertas sobre os riscos da deterioração ambiental para a vida humana se tornaram marca das participações do presidente em eventos dentro e fora do país
Agência PT
Quando falava, na quinta-feira (2), em Santa Maria, sobre as ações do governo federal em socorro à população e aos municípios do Rio Grande do Sul, afetados por fortes chuvas, o presidente Lula citou os vários ministros presentes. Ao se referir a Marina Silva (Meio Ambiente), ele repetiu um alerta que se transformou em marca de suas participações em eventos dentro e fora do país: os riscos da deterioração ambiental para a vida humana.
“Marina é a pessoa que mais tem nos alertado sobre a questão do clima, sobre a questão muitas vezes de quanto nós, seres humanos, estamos sendo culpados pelo que nós estamos colhendo”, disse. “A natureza está se manifestando, e nós precisamos levar isso muito em conta, porque quando a natureza se rebela, a gente sabe que os prejuízos são muitos”, acrescentou.
Lula falou sobre o assunto durante uma reunião na Base Aérea de Santa Maria, voltada à coordenação das ações conjuntas dos governos federal e estadual para salvar vidas. Participaram também o governador Eduardo Leite, secretários estaduais, integrantes da Defesa Civil, militares e outros agentes.
O presidente alertou sobre a crise climática após reafirmar o compromisso do governo federal em apoiar o Rio Grande do Sul nesse momento difícil, com ações que incluem a disponibilização de oito helicópteros, mais de 300 militares, 12 embarcações e 43 viaturas. Além disso, Lula anunciou que verbas federais serão liberadas em caráter emergencial para o estado.
Alerta mundial
A ocasião em que o alerta de Lula sobre o clima obteve um alcance mundial foi durante seu discurso na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), em setembro do ano passado, quando ele disse que “a crise climática hoje bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres”.
No discurso, Lula também expressou condolências às vítimas das tempestades que haviam atingido a Líbia e o Rio Grande do Sul naquele mês. “Essas tragédias ceifam vidas e causam perdas irreparáveis. Nossos pensamentos e orações estão com todas as vítimas e seus familiares”, afirmou.
Na mesma oportunidade, Lula também cobrou dos líderes mundiais o cumprimento dos compromissos ambientais constantes da Agenda 2030, a mais ampla e ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento sustentável.
“A Agenda 2030 pode se transformar no seu maior fracasso. Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas. A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento”, criticou.
No Brasil, ações concretas
Lula insiste no assunto com a autoridade de um líder que não tem medido esforços para cumprir os compromissos ambientais firmados pelo Brasil e que tem reafirmado a meta de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030.
Várias ações já foram adotadas nesse sentido, como o emprego de agentes federais no combate ao garimpo ilegal, ao contrabando de madeira e outros crimes que eram incentivados durante o governo passado.
Os resultados dessas ações já começaram a aparecer: segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), houve uma redução de 63% no desmatamento da Amazônia no primeiro bimestre deste ano, na comparação com igual período de 2023.
Dessa forma, foi alcançado o menor índice de desmatamento do bioma em seis anos, da ordem de 196 km², o patamar mais baixo para o período desde 2019.