Para não esquecer e jamais permitir que se repita: FPA dá início um ciclo de debates públicos sobre os 60 anos do golpe empresarial-militar de 1964. Primeiro encontro aconteceu no Rio, com lançamento de documentário de Silvio Tendler

Da Redação

Na última quarta-feira (27), a Fundação Perseu Abramo realizou (FPA), na sede do PT do Rio de Janeiro, o debate “Ditaduras na América Latina”, com a participação da professora e pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Maria Paula Araújo, dos diretores da instituição, Valter Pomar e Ellen Coutinho.

Na ocasião, houve também o lançamento de documentário inédito do consagrado diretor de cinema Silvio Tendler, intitulado “Memória e Exílio”, com a presença do cineasta, que também participou do debate. Lançado agora como curta, o filme será exibido como longa-metragem ainda este ano, segundo o diretor. A obra pode ser assistida no canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube. 

O evento faz parte de uma iniciativa da FPA e do Centro Sergio Buarque de Holanda (CSBH), coordenado pela diretora Ellen Coutinho: um ciclo de debates públicos sobre os 60 anos do golpe empresarial-militar de 1964.

“Não é só que a gente lembra aquilo que viveu”, destacou a professora e historiadora Maria Paula Araujo, se referindo ao trabalho de memória da ditadura. “A forma como a gente lembra, a forma como a gente sente, pensa, rememora, é também uma forma conjunturalmente dada. A gente vive, lembra e pensa dentro de um campo semântico que é emocional, existencial, subjetivo”

Valter Pomar, também historiador e professor da UFABC, fez referência às vítimas de perseguições a militantes e opositores, mas ressaltou que a grande vítima da ditadura, em síntese, é a sociedade brasileira. “A grande vítima da ditadura é o povo, não quem lutava combatendo”, pontuou o diretor da FPA.

 “Tudo que a gente tem de negativo no Brasil hoje, é herança do que a ditadura nos deixou e o oposto do que nós teríamos se o golpe não tivesse acontecido ou se tivéssemos derrotado. Éramos pra ser outro país.” 

Uma das organizadoras do encontro no Rio, a diretora Elen Coutinho, diretora da FPA e responsável pelo Centro de História e Documentação Sérgio Buarque de Holanda, afirma que o ciclo de debates faz parte da resistência popular a todos os autoritarismos, velhos ou novos.

“O ciclo busca contribuir com as discussões sobre o golpe militar no Brasil e o cenário internacional naquele período, abordando os prejuízos políticos, econômicos e sociais causados pela ditadura, bem como a luta e conquista da democracia”, diz Ellen. 

“Promover este espaço é importante para debatermos o golpe, o militarismo, os processos de transição e as fundamentais lutas políticas e populares contra o autoritarismo. Lembrar para não esquecer, para honrar a memória de todas e todos que lutaram pelo fim da ditadura, e para que nunca se repita em nosso país”.

Além do público presente, o debate contou com transmissão ao vivo do PT do Rio de Janeiro e também no canal do YouTube da FPA.

A próximas mesa do Ciclo de Debates terá como tema o “Apoio dos meios de comunicação e empresariado”, dia 10 de abril, em Salvador (BA), com presença de Emiliano José, Matilde Ribeiro, Luiz Dulci e Marcelino Galo, no Sindae – Sindicato dos Trabalhadores em Água, esgoto e Meio Ambiente no estado da Bahia, às 19h. 

No dia 24 de abril, acontece a mesa “Autoritarismo e repressão”, Belém (PA), às 19h, na Assembleia Legislativa do Estado do Pará. A quarta mesa, “Militares e política: golpismo e entraves à democracia no Brasil” acontecerá em Olinda, em local ainda a confirmar. O encerramento será em Porto Alegre, com a quinta e última mesa, que debaterá os efeitos nefastos da ditadura militar no Brasil em áreas sociais e econômicas. 

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