O advento das redes sociais, das plataformas e dos meios de mensagem colocam a capacidade de comunicação dos agentes políticos cada dia mais em xeque. Sem uma fórmula mágica, “um gambito da rainha”, vê-se dia após dia o ascenso das fake news. O paraíso da distopia, a formação de bolhas segmentadas quase instransponíveis. 

O componente do fundamentalismo de caráter religioso e sua disseminação via WhatsApp, atacando as pautas progressistas e advogando um conservadorismo ultrapassado, tem ajudado a criar esse cenário distópico. Isto é, fora da realidade da vida concreta. 

O uso massivo dessas ferramentas teve sua entrada principal quando da disputa do Brexit. Na Grã-Bretanha e depois na surpreendente vitória do ultradireitista Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos em 2016. De lá para cá veio a proliferação da inteligência artificial. Hoje em dia, textos jornalísticos, artigos e postagens fazem mau uso da IA. 

Criou-se até um modificador de vozes que pode produzir danos irreparáveis em uma disputa eleitoral. Tudo isso vem ocorrendo ao arrepio de uma legislação internacional permissiva. O direito inalienável de expressão é consagrado mundialmente. Não é o caso de se permitir que se crie factoides, se minta, ou se propague o racismo, o sexismo, a xenofobia e a misoginia. 

Não existe no mundo real o direito à mentira.  

A fratura que está ocorrendo nas sociedades não é culpa da ciência. A ciência é o que de mais importante pode haver em uma sociedade. O que não se pode permitir é o mau uso das conquistas científicas e seu uso deletério contra a organização e a vida na coletividade. 

É preciso uma concertação internacional para que se regule as plataformas, se controle o fluxo de notícias falsas e se tribute. As plataformas estão ganhando rios de dinheiro com suas invenções. É fundamental que o Estado participe desses ganhos. 

Afinal, ao fim e ao cabo é o Estado nacional que responde por seus povos. 

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