Editoras preparam relançamentos de Graciliano Ramos
Clássicos do escritor alagoano, cuja obra caiu em domínio público este ano, terão novas edições
Se 2023 foi o ano de Machado de Assis, que teve sua obra completa reeditada, 2024 promete ser o ano de Graciliano Ramos. É que a obra do alagoano caiu em domínio público, isto é, não é mais necessário pagar direitos autorais para os herdeiros e, por isso, qualquer editora pode publicar o autor. Segundo a lei brasileira, os herdeiros de um escritor detêm direitos sobre sua obra nos 70 anos depois de sua morte. Graciliano morreu em 1953 e, por isso, começou a corrida das editoras para lançarem suas versões dos romances clássicos do autor, como “Vidas Secas”, “São Bernardo”, “Angústia”, entre outros, e também por textos inéditos.
A editora Todavia saiu na frente e já prepara uma edição organizada pelo pesquisador Thiago Mio Salla. Reconhecido especialista na obra do escritor, o professor foi convidado para coordenar um projeto de publicações do autor que inclui romances e uma seleção de cartas com material inédito. Um dos primeiros livros a serem lançados é “Os Filhos da Coruja”, poema de 1923 publicado com o pseudônimo J. Calisto, que sairá pelo Baião, selo infantil da Todavia.
A família de Graciliano, cujo representante é o neto Ricardo Ramos, também escritor, discorda dessa iniciativa. De acordo com Ramos, Graciliano deixou instruções a respeito de seus escritos e a publicação deste inédito não estaria de acordo com suas determinações. Graciliano, de fato, ficou conhecido pelo rigor de suas revisões ao texto original. O projeto das reedições, inclusive, contempla essa característica, uma vez que consistirá em edições que cotejarão diferentes versões dos textos e notas elaboradas por intelectuais que compuseram a fortuna crítica do autor, como Antonio Candido.
Outras editoras, como a Companhia das Letras, Antofágica e o Clube de Literatura Clássica, vão investir no seguro e devem reeditar três dos seus principais romances: “Angústia”, “São Bernardo” e “Vidas Secas” . A Record, editora de Graciliano desde 1975, relança em box os mesmos três romances mais consagrados do autor e uma versão de bolso de “Vidas Secas”. Ainda, recupera, sob o nome de “Prefeito Escritor”, os famosos relatórios da atuação do escritor como prefeito de Palmeira dos Índios.