Perfil do eleitorado, janelas de oportunidades e a necessária mobilização nas próximas eleições
A história da criação da Fundação Perseu Abramo e a série de pesquisas já realizadas foram o início da apresentação de Carlos Henrique Árabe, diretor responsável pelo Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos, o Noppe da FPA, durante a mesa “Qual o perfil do potencial eleitor do PT? Como conquistar esse voto nas cidades?”, realizado no dia 8 de dezembro, nas programações da Conferência Eleitoral do PT.
Pesquisas sobre mulheres e idosos, mundo do trabalho precarizado entre outros temas já foram o centro de alguns varidos estudos. Para Árabe, “a FPA tem um papel importante na produção de dados com muita qualidade e para que também do nosso lado haja conhecimento e que não seja controlado pelas entidades patronais”.
Carlos ainda apresentou o perfil do eleitorado, lembrando que cada município não é um pequeno Brasil, “mas não é possível enxergar os municípios fora deste contexto histórico, por isso chamamos de janela de oportunidades”. O voto no Lula tem um perfil da base da classe trabalhadora, o que se explica justamente pelo fato de a grande maioria da população estar na faixa até dois salários mínimos, “a faixa que nos deu a vitória. Mas não podemos transferir diretamente para a eleição municipal. No mínimo, ao se construir qualquer campanha, essa faixa tem que ser priorizada, saber interpretar, dialogar com ela”.
A exposição defende que há uma janela de oportunidades para o PT nas próximas eleições, já que após a queda no desempenho eleitoral em 2016 e a estabilização em 2020, houve recuperação em 2022, inclusive em cidades mais difíceis. “Existe um perfil do eleitor do PT que são as mulheres, pessoas negras, jovens e os mais pobres. Embora não possa ser replicado para os municípios existe um grande potencial”, explicou Matheus Toledo, também do Noppe no evento.
A coordenadora do Noppe, Jordana Dias Pereira, apresentou a importância da pesquisa para o planejamento da campanha e de conteúdo político, e que mesmo com eleições “muito bem sucedidas por nós, muitas barreiras no eleitorado foram detectadas e superadas por meio de pesquisa, como foi o caso da capacidade de gestão e de romper com a resistência das mulheres em relação ao Lula e PT”.
Na eleição passada, os dados nos levaram a crer que as pesquisas estivessem erradas. Ao aprofundar os dados eleitorais foi possível perceber que as pesquisas deixaram de mostrar a abstenção de eleitores do Lula. E, segundo foi explicado na Conferência, isso é uma novidade porque historicamente todos os polos políticos tinham a mesma proporção de eleitores que não votavam. As pesquisas do Noppe mostraram que os eleitores bolsonaristas são muito mobilizados e comparecem mais às urnas. Essa situação foi mapeada, os locais de alto índice de abstenção também foram localizados, e o compartilhamento dessas informações serviu para fomentar o enfrentamento a esse problema. O que foi essencial para garantir a vitória foram as ações do PT, movimentos sociais e garantir o transporte gratuito e universal, garantindo a presença do eleitores. Além de convencer que o seu candidato é o melhor, é preciso garantir que o potencial eleitor de uma candidatura progressista vá à urna, já que estamos enfrentando um adversário que é mobilizado.