Ao viajar para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para participar da COP 28, Lula retoma agenda de viagens internacionais num movimento de reconstrução da imagem do país, deteriorada por Bolsonaro. Além dos destaques anunciados na Conferência, Lula visitou e anunciou acordos na Arábia Saudita, Qatar e Alemanha

Entrando no último mês do primeiro ano de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou a agenda de viagens internacionais em razão da COP 28, a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima que acontece em Dubai até o dia 12 de dezembro. 

Na sessão de abertura da Conferência, o presidente do Brasil fez discurso histórico, aproveitando a oportunidade para cobrar das potências mundiais o cumprimento de compromissos estabelecidos para o enfrentamento do aquecimento global.

“O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. De discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?”, questionou o presidente. “O 1% mais rico do planeta emite o mesmo volume de carbono que 66% da população mundial”.

O chamado do presidente a uma ação internacional imediata e concreta encontrou eco automático. A perspectiva de cobrar o cumprimento de metas antigas acordadas e por uma mudança no padrão que permite que as mudanças climáticas causem mais danos e prejuízos às populações mais pobres também foi bem recebida por diversos integrantes do evento.

NOVO TEMPO – Presidente Lula, a ministra Marina Silva e Dilma Rousseff, presidente do Banco do NBD, na sessão de abertura da COP28

No sábado, 2, Lula fez reunião histórica com 135 organismos da sociedade civil. Evento reuniu porta-vozes dos povos indígenas, quilombolas comunidade científica e da juventude brasileira. A atividade foi organizada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, com a participação dos ministros Márcio Macêdo (SG-PR), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). “É  minha quinta COP e nunca tive nenhum momento como esse, de sentar com um chefe de Estado do Brasil para construir uma política ambiental”, relatou  Dinaman Tuxá, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)

 Durante a Conferência, o governo brasileiro também anunciou a criação de um fundo global para financiar a conservação de florestas tropicais por meio da captação de 250 bilhões de dólares, que pode beneficiar cerca 80 países. A iniciativa foi apresentada pela ministra do Meio Ambiente e Clima Marina Silva e pelo ministro Fernando Haddad. “Vamos criar condições para que países desenvolvidos possam ajudar a proteger as florestas. Terão retorno por seus recursos e, ao mesmo tempo, o retorno da proteção da biodiversidade e das florestas”, afirmou Marina. “Estamos vendo a coisa piorando, nos sentindo cada vez mais impotentes. A resposta a isso tem que ser uma ação na direção contrária, efetiva e rigorosa”, destacou Haddad.

Também presente na comitiva brasileira, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Aloizio Mercadante anunciou R$ 1 bi para a criação do programa Arco de Restauração, com R$ 450 milhões já aprovados do Fundo Amazônia, com a meta de reflorestar 6 milhões de hectares. Na avaliação de Mercadante, o BNDES e o Brasil tiveram, na Cúpula do Clima, o reconhecimento de nosso protagonismo histórico na agenda ambiental. 

TRANSIÇÃO ECOLÓGICA

Depois de ter passado pela Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos, o presidente Lula chegou a Berlim no domingo, 4, onde foi recebido com jantar oferecido pelo primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. Na segunda, 3, Brasil e Alemanha assinaram uma declaração conjunta de intenções durante a 2ª Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível.  Foram 19 acordos assinados entre os dois países – a maior parte trata de meio ambiente, bioeconomia e desigualdades sociais. Outro ato assinado foi a declaração sobre integridade da informação e combate a desinformação. 

Lula também foi recebido pelo presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier. Discutiram avanços na economia, investimentos do Novo PAC, proteção ambiental e presidência do Brasil no G20. (pág. 8).  De acordo com o Palácio do Planalto, durante o diálogo, o presidente alemão agradeceu, “em nome da Alemanha e do mundo”, a retomada da proteção do meio ambiente e da Amazônia com as políticas adotadas desde janeiro de 2023 pelo governo federal.

Terceira maior economia mundial, atrás dos Estados Unidos e da China, a Alemanha é um importante parceiro do Brasil, sobretudo nos campos tecnológico e industrial. Mais de mil empresas alemãs atuam em território brasileiro e, segundo o Banco Central, o país germânico é a oitava maior fonte de investimentos no Brasil, com US$ 23,73 bilhões em estoque.•

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